No dia em que se completam cinco décadas desde a morte do renomado compositor João da Baiana, o cenário musical presta homenagem ao pioneiro do samba, cujo legado ainda ressoa na cultura brasileira. Nascido João Machado Guedes, em 1887, no Rio de Janeiro, João da Baiana desempenhou papéis multifacetados como compositor popular, cantor, passista e instrumentista.
Filho de Félix José Guedes e Perciliana Maria Constança, João era o caçula de 12 irmãos, único carioca entre eles. O apelido “João da Baiana” derivou do fato de sua mãe ser conhecida como Baiana. Crescendo na zona portuária e tornando-se amigo de infância de Donga e Heitor dos Prazeres, João da Baiana foi parte do influente grupo de Pixinguinha, Os Oito Batutas.
Rubem Confete, compositor, radialista e estudioso das questões afro-brasileiras, destaca a importância de João da Baiana como percussionista extraordinário. Tocando instrumentos como o pandeiro adufe, ele acrescentou um novo ritmo ao choro, introduzindo a percussão a um gênero musical que anteriormente não a incluía.
Além de sua contribuição musical, João da Baiana foi também uma figura marcante em sua comunidade. Perseguido pela polícia por vadiagem, ele recebeu apoio do senador Pinheiro Machado, que autografou seu pandeiro, proporcionando uma peculiar “identificação” quando confrontado pela polícia.
Suas composições, como “Batuque na Cozinha” e “Cabide de Molambo”, refletem a realidade e as festividades do povo negro da época, quase contemporâneo à abolição da escravatura. João da Baiana continuou ativo na música até sua retirada para a Casa dos Artistas, onde faleceu em 1974 aos 87 anos.
Seu legado é celebrado não apenas nas regravações de suas músicas, mas também em sua influência duradoura na introdução da percussão ao choro e na contribuição para a riqueza da música popular brasileira. Atualmente, alguns de seus pertences estão preservados no acervo do Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro, representando uma parte tangível do impacto cultural de João da Baiana.