O cinema brasileiro vive um momento histórico com as três indicações do filme “Ainda Estou Aqui” ao Oscar 2025. Dirigido por Walter Salles, o longa concorre nas categorias de Melhor Filme, Melhor Filme Internacional e Melhor Atriz, sendo a primeira vez que uma produção nacional figura entre os indicados à principal categoria do prêmio.
A indicação de Fernanda Torres como Melhor Atriz acrescenta um toque especial à conquista. A filha de Fernanda Montenegro, indicada ao mesmo prêmio em 1999 por “Central do Brasil” (também dirigido por Salles), foi amplamente elogiada por sua interpretação de Eunice Paiva, protagonista que enfrenta o desaparecimento e morte de seu marido, Rubens Paiva, durante a ditadura militar no Brasil.
Nas redes sociais, Montenegro expressou sua emoção: “Eu, Fernanda Montenegro e Fernando Torres – onde quer que ele esteja – estamos felizes e realizados, em estado de aleluia, pelas indicações de Fernanda Torres e Walter Salles ao importante prêmio do Oscar. Meu coração de mãe em estado de graça”.
Feito Inédito no Oscar
O crítico de cinema Chico Fireman destacou o impacto das indicações: “É imenso para o Brasil e para o cinema brasileiro. Estamos falando de visibilidade como nunca antes. O cinema brasileiro não precisa de aval internacional, mas quando ele vem, ajuda muito. Isso coloca nossa arte no mapa mundial de uma forma inédita”.
Segundo Fireman, o impacto também está ligado ao enredo político do filme, que reflete sobre as violências da ditadura militar brasileira. “O tema, tão universal neste momento da história, tem tocado o público em escala global. Isso certamente contribuiu para o reconhecimento do filme”.
A indicação de Fernanda Torres também foi vista como simbólica. “É um ciclo completo. Ela segue os passos de sua mãe, mas com uma interpretação única e poderosa”, afirmou o crítico.
Um Marco no Cinema Brasileiro
Para o cineasta Sérgio Machado, o filme representa um marco cultural: “Vi ‘Ainda Estou Aqui’ nascer. É um reencontro dos brasileiros com nosso cinema. Walter Salles, Fernanda Torres e toda a equipe merecem cada elogio e prêmio. É emocionante ver essa obra, que revisita um passado sombrio, ganhar o mundo”.
A Joana Henning, CEO do Estúdio Escarlate, afirmou que as indicações são um reconhecimento da qualidade do cinema brasileiro: “É um marco que deve ser celebrado por toda a indústria audiovisual. É a prova da riqueza cultural do Brasil e da relevância de nossa cinematografia”.
A Emoção de Torcer pelo Cinema Brasileiro
Para Renata de Almeida, diretora da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, as indicações despertaram um sentimento de orgulho nacional. “Essas indicações provocaram a mesma emoção de torcer pela seleção brasileira em uma Copa do Mundo. O filme conquistou o público ao representar com excelência a nossa cultura e história”.
Renata também destacou a relevância histórica do filme. Baseado na autobiografia de Marcelo Rubens Paiva, o longa narra a luta de Eunice Paiva para criar seus cinco filhos sozinha após o desaparecimento de seu marido durante o regime militar. “O filme aborda temas do passado que ressoam no presente e no futuro, além de celebrar a resistência e a força do povo brasileiro”.
Concorrência e Perspectivas
“Ainda Estou Aqui” enfrenta uma forte concorrência no Oscar, especialmente na categoria de Melhor Filme Internacional, disputada com favoritos como ‘Emilia Pérez’ (França) e ‘A Semente do Fruto Sagrado’ (Alemanha).
Na categoria de Melhor Atriz, Fernanda Torres concorre com nomes de peso, como Demi Moore em “A Substância”. Segundo Fireman, “Fernanda traz uma interpretação clássica e sóbria, o que pode surpreender. Mas vencer nesta categoria, onde apenas duas estrangeiras ganharam em 97 anos, é raro”.
Apesar dos desafios, a diretora Renata de Almeida acredita em conquistas: “Se está concorrendo, tem chances. Mesmo assim, o feito já é motivo de celebração. O Brasil fez um filme lindo que emocionou o mundo”.
Celebração Nacional
Com um roteiro que combina excelência técnica e relevância histórica, “Ainda Estou Aqui” marca um divisor de águas no cinema nacional. Além de reconhecimento mundial, o filme reacende o orgulho brasileiro e reforça a importância de valorizar a cultura nacional.