Em discurso na abertura do Congresso Aço Brasil nesta segunda-feira (5), o presidente em exercício e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, expressou sua insatisfação com a elevada taxa de juros real no Brasil. Segundo ele, é inadmissível que o país mantenha a segunda maior taxa de juros real do mundo, superada apenas pela Rússia, que se encontra em conflito.
“Não há justificativa para essa situação. O Brasil possui a segunda maior taxa de juros real do mundo, perdendo apenas para a Rússia, que está em guerra”, afirmou Alckmin, destacando a solidez dos fundamentos econômicos do país, como reservas cambiais de US$ 370 bilhões, segurança jurídica, um vasto mercado consumidor e recordes de exportação.
O presidente em exercício enfatizou a importância do ajuste fiscal, assegurando que o governo está comprometido com o cumprimento do novo arcabouço fiscal. Alckmin mostrou-se otimista quanto à redução das taxas de juros nos Estados Unidos e no Brasil ainda neste semestre, o que, segundo ele, beneficiará o crescimento econômico nacional.
“O mercado internacional está passando por um período de grande estresse, que acreditamos ser temporário. O Brasil tem a 6ª maior população mundial e um mercado interno robusto. Amanhã será divulgado o balanço das exportações de janeiro a julho, que trará um novo recorde. Com reservas cambiais significativas e o compromisso com a política fiscal, não há razão para termos a segunda maior taxa de juros real do mundo. Isso é extremamente prejudicial”, declarou Alckmin.
No mês anterior, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) decidiu, por unanimidade, manter a taxa Selic, os juros básicos da economia, em 10,5% ao ano.
Indústria do Aço e Inovação
Durante seu discurso, Alckmin elogiou a indústria do aço, referindo-se a ela como “a indústria das indústrias”, sempre na vanguarda da inovação. Ele ressaltou que a política da Nova Indústria Brasil, implementada pelo governo Lula, representa um avanço significativo para o desenvolvimento econômico e social do país.
“Não há desenvolvimento econômico e social sem as indústrias”, afirmou Alckmin, anunciando que, em breve, as Letras de Crédito do Desenvolvimento (LCD) estarão disponíveis no mercado, reduzindo o custo do crédito para as indústrias. Esses títulos funcionarão de maneira semelhante às Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e do Agronegócio (LCA), onde investidores pessoas físicas são isentos de imposto de renda.
Alckmin também mencionou o Programa Mover, que prevê investimentos de R$ 100 bilhões até 2028 para a descarbonização da indústria, destacando que o Brasil emite 55% menos gás carbônico do que outros países, graças ao seu potencial energético.
Segundo o Instituto Aço Brasil, a produção nacional de aço bruto atingiu 16,4 milhões de toneladas no primeiro semestre de 2024, um crescimento de 2,4% em relação ao mesmo período do ano anterior. Em 2023, a produção totalizou 31,9 milhões de toneladas, registrando uma queda de 6,5% em comparação a 2022.