Como parte de sua liderança no G20, o Brasil lançou a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, com o objetivo de unir esforços e recursos para enfrentar uma crise que afeta cerca de 700 milhões de pessoas no mundo. Com lançamento previsto para ocorrer paralelamente à Cúpula do G20, a iniciativa pretende estabelecer uma rede colaborativa e sustentável de políticas públicas, com sede em várias capitais, incluindo Brasília, Roma, e Washington.
Especialistas reconhecem a importância da aliança, mas apontam desafios na sua execução, especialmente em relação à permanência de políticas de longo prazo e à inclusão da sociedade civil. Para o professor Renato Sérgio Maluf, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, o foco deve ser em políticas estruturantes e não em ações emergenciais. Maluf destaca que o combate à fome exige mais do que simples transferências de renda, pois envolve a criação de oportunidades econômicas e o fortalecimento de direitos sociais.
Sustentabilidade e Participação Social
A participação social é vista como um pilar essencial, mas, segundo Maluf, ela depende das dinâmicas democráticas de cada país. A metodologia brasileira, com forte participação de movimentos sociais, é um modelo, mas pode ser desafiador de replicar globalmente. A coordenadora da FIAN Brasil, Mariana Santarelli, vê o Brasil em uma posição de liderança, pois possui experiência consolidada e políticas de segurança alimentar previstas em lei.
A estrutura da aliança será sustentada por uma cesta de políticas adaptáveis a diferentes realidades nacionais. Com aproximadamente 50 políticas divididas em categorias, como proteção social, acesso a serviços básicos e infraestrutura, a iniciativa permite a personalização e colaboração entre países. A prioridade é garantir que as ações propostas sejam viáveis, focadas na população mais vulnerável e alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, particularmente o combate à pobreza e à fome.
Desafios e Resistência Internacional
Países ricos podem resistir ao comprometimento efetivo, pois questões internas e disputas em sistemas alimentares globais dificultam a cooperação. Além disso, o contexto político atual, com tensões e conflitos internacionais, pode tornar o envolvimento ativo desses países mais complexo.
A aliança já conta com adesões como a Alemanha e a Organização dos Estados Americanos, que se comprometem com políticas de segurança social. Instituições como a Fundação Rockefeller e o grupo das Instituições Financeiras Internacionais também apoiarão a iniciativa, oferecendo recursos e assistência técnica.
Perspectivas e Expectativas
A iniciativa do Brasil reforça um chamado global para soluções estruturadas e de longo prazo. A mobilização de esforços e a colaboração entre nações indicam o potencial da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza em enfrentar um dos problemas mais persistentes e críticos do mundo moderno.