A gestão de resíduos sólidos no Brasil apresentou avanços em 2023, com 99,8% dos municípios oferecendo serviços de limpeza urbana, segundo a Pesquisa de Informações Básicas Municipais – Suplemento de Saneamento do IBGE. No entanto, o estudo revela um cenário preocupante: 31,9% das cidades ainda utilizam lixões, a forma mais inadequada de destinação de resíduos.
Panorama nacional
Os aterros sanitários, considerados a solução mais adequada, estão presentes em apenas 28,6% dos municípios, enquanto 18,7% utilizam aterros controlados, que oferecem menor impacto ambiental do que os lixões, mas ainda são insuficientes em termos de segurança.
A desigualdade regional é evidente. No Norte, 76,1% dos municípios ainda recorrem a lixões, enquanto no Sul apenas 7,5% adotam essa prática, preferindo estruturas mais seguras, como aterros sanitários, utilizados em 45% das cidades.
Políticas municipais e educação ambiental
O estudo também apontou que apenas 46,5% dos municípios possuem uma Política Municipal de Resíduos Sólidos, e outros 10,7% estão em fase de elaboração. Cidades maiores lideram em planejamento, com 73,2% dos municípios com mais de 500 mil habitantes adotando políticas específicas.
Em termos de educação ambiental, 31,8% dos municípios afirmaram desenvolver programas voltados à conscientização sobre resíduos sólidos. Os temas mais abordados incluem coleta seletiva, descarte de pilhas e baterias, pneus e eletrônicos.
Destaques e boas práticas
Algumas regiões têm avançado na erradicação de lixões. O Distrito Federal, por exemplo, eliminou o maior lixão a céu aberto da América Latina, enquanto Alagoas e Pernambuco também se destacaram pela redução significativa dessa prática.
Além disso, o estudo reforça a importância de investimentos em educação ambiental, que são mais comuns em municípios maiores e nas regiões Sul e Centro-Oeste.
Impactos e urgência de soluções
O IBGE alerta para os riscos ambientais e à saúde pública associados ao manejo inadequado dos resíduos, como contaminação de solo e água, emissão de gases de efeito estufa e proliferação de doenças.
Embora o avanço nos serviços de limpeza urbana seja inegável, o uso persistente de lixões demonstra a necessidade urgente de políticas públicas mais efetivas e investimentos em tecnologias de gestão de resíduos. A adoção de aterros sanitários e programas de educação ambiental é um passo essencial para transformar o panorama atual e promover uma gestão sustentável dos resíduos no Brasil.