
A Beija-Flor de Nilópolis consagrou-se campeã do carnaval do Rio de Janeiro, alcançando seu 15º título com um desfile que emocionou o público e prestou homenagem a duas figuras icônicas do samba. A escola apresentou o enredo “Laíla de Todos os Santos”, uma reverência ao saudoso diretor de carnaval Laíla, falecido em 2021, que dedicou sua vida à agremiação e ao carnaval brasileiro.
O desfile também teve um momento histórico: a despedida de Neguinho da Beija-Flor como voz oficial da escola. Após 50 anos de história na Marquês de Sapucaí, o icônico cantor encerrou seu ciclo como o principal intérprete da agremiação. A Beija-Flor brilhou sob a direção do carnavalesco João Vitor Araujo, garantindo o título com uma apresentação impecável.

A Grande Rio ficou com o vice-campeonato ao apresentar o enredo “Pororocas Parawaras — As águas dos meus encantos nas contas dos curimbós”, um mergulho nas tradições e misticismo das águas paraenses. Em terceiro lugar, a Imperatriz Leopoldinense trouxe para a avenida o tema “Ómi Tútu ao Olúfon — Água fresca para o senhor de Ifón”, narrando a jornada de Oxalá e suas provações até o reino de Xangô.
Por outro lado, a Unidos de Padre Miguel não teve a mesma sorte e acabou rebaixada para a Série Ouro. A escola, que havia retornado ao Grupo Especial neste ano, homenageou os 200 anos do primeiro terreiro de candomblé do Brasil com o enredo “Egbé Iyá Nassô”, mas não conseguiu se manter na elite do carnaval carioca. A escola que será promovida à principal divisão do samba será conhecida na quinta-feira (6), após a apuração da Série Ouro, que teve sua data alterada este ano.
O Desfile das Campeãs
No próximo sábado (8), seis escolas retornarão ao Sambódromo para o Desfile das Campeãs:
- Beija-Flor
- Grande Rio
- Imperatriz Leopoldinense
- Viradouro
- Portela
- Mangueira
Apuração e penalidades
A apuração das notas aconteceu na Cidade do Samba, na Região Portuária do Rio, com início às 16h10. O local, aberto ao público, ficou lotado de torcedores ansiosos pelos resultados. Antes da divulgação das notas, a Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa) anunciou penalidades aplicadas a algumas escolas por descumprimento do regulamento.
A Mocidade, o Salgueiro e a Portela foram multadas em R$ 250 mil cada uma por excederem o limite de 30 diretores desfilando à frente dos integrantes. A Unidos da Tijuca recebeu uma multa de R$ 80 mil por ultrapassar o tempo permitido para retirada das alegorias da pista.
As notas foram concedidas por 36 jurados distribuídos em quatro cabines de avaliação. Cada quesito teve quatro notas atribuídas, sendo que a menor foi descartada. As pontuações variaram entre 9 e 10, com possibilidade de décimos.
O caminho da vitória
A disputa pelo título foi acirrada. No quesito Enredo, cinco escolas obtiveram nota máxima: Imperatriz, Paraíso do Tuiuti, Beija-Flor, Grande Rio e Mangueira. No critério Mestre-Sala e Porta-Bandeira, a Mangueira perdeu um décimo, enquanto a Grande Rio sofreu sua primeira perda na avaliação da Bateria, recebendo 9,9.
A Beija-Flor, a Imperatriz e o Paraíso do Tuiuti permaneceram com notas perfeitas até a análise de Harmonia. No julgamento de Alegorias e Adereços, Beija-Flor e Imperatriz dividiram a liderança. No critério Fantasia, a Imperatriz perdeu um décimo, deixando a Beija-Flor isolada no topo. A liderança foi confirmada com a avaliação do Samba-Enredo, consolidando o título para a escola de Nilópolis.
Controvérsia na apuração
Um momento polêmico ocorreu no julgamento do Samba-Enredo. Uma das juradas anotou apenas a nota da Grande Rio no último dia de desfiles. Ao analisar o regulamento, a direção da Liesa decidiu repetir essa nota — um 10 — para todas as outras escolas que se apresentaram no mesmo dia, garantindo assim a equidade na avaliação final.