
O Cordão da Bola Preta, bloco carnavalesco mais antigo do Rio de Janeiro, reuniu uma multidão neste sábado (1º), dia em que a cidade completou 460 anos. O desfile começou às 9h na Rua Primeiro de Março e seguiu até a Avenida Presidente Antônio Carlos, em um percurso de cerca de um quilômetro pelo Centro.
De acordo com a prefeitura, cerca de 700 mil foliões acompanharam o cortejo ao longo do dia. O evento também reforçou o combate ao assédio, com a mensagem “não é não” ecoando dos caminhões de som antes mesmo da primeira marchinha ser tocada.
Tradição e Identidade

Criado em dezembro de 1918, o Bola Preta é um dos símbolos do Carnaval carioca. Em 2011, chegou a reunir 2 milhões de pessoas nas ruas. Apenas em 2021 não desfilou, devido à pandemia de Covid-19.
Para o presidente do bloco, Pedro Ernesto Marinho, desfilar no dia do aniversário do Rio tem um significado especial. O tema deste ano, Rio, eu te amo, reforça essa conexão. “O Bola Preta em outra cidade não teria o mesmo brilho. O Rio é a cidade do samba, das praias, calorosa e de povo ordeiro”, afirmou.
A fidelidade às raízes é um dos segredos do sucesso do bloco, que se recusa a aderir a outros estilos musicais. “Nos mantemos fiéis às marchinhas e sambas tradicionais. Isso faz com que o Bola Preta atraia foliões de todas as idades”, destacou Marinho.
Folia para Todas as Gerações
A tradição familiar do bloco ficou evidente na história de Magna Faria dos Santos, de 70 anos, e sua filha, Ana Carolina, de 36. A aposentada, moradora de São Gonçalo, enfrenta uma viagem de duas horas para chegar ao desfile, mas garante que vale a pena. “É só alegria, só felicidade”, disse.
Ana Carolina lembra que, antes, era a mãe quem a levava ao bloco. Agora, os papéis se inverteram. “É amor ao Bola. A gente esquece todos os problemas e curte juntas”, afirmou.
Como manda a tradição, as marchinhas foram a trilha sonora da festa. A canção mais emblemática do bloco, Quem não chora não mama, foi entoada pelos foliões em coro:
“Quem não chora não mama! Segura, meu bem, a chupeta. Lugar quente é na cama. Ou então, no Bola Preta.”
Presença Ilustre e Fantasias Icônicas
A corte do Bola Preta contou com personalidades como as atrizes Paolla Oliveira, rainha do bloco; Leandra Leal, porta-estandarte; e Juliana Knust, musa. Elaine BR, musa pelo terceiro ano, destacou a emoção de representar um bloco com 106 anos de história.
Entre as fantasias, uma das mais emblemáticas foi a do engenheiro Rogério Borges, que homenageou o Profeta Gentileza, famoso por suas mensagens de bondade espalhadas pelos viadutos cariocas.
Calor e Oportunidade
O sábado foi mais um dia de calor intenso no Rio, com previsão de máxima de 38°C, segundo o Alerta Rio. Para amenizar os efeitos do clima, patrocinadores distribuíram água, viseiras e chapéus aos foliões.
Para muitos ambulantes, a festa também representou uma oportunidade de negócio. Matheus Júnior, morador de Nova Iguaçu, percorreu mais de 60 quilômetros para vender bebidas no bloco. “O Carnaval é a chance de fazer um bom dinheiro”, afirmou.
Com tradição, alegria e resistência, o Bola Preta reafirmou seu papel como um dos maiores e mais queridos blocos do Rio, marcando a celebração da cidade com um desfile inesquecível.