O governo brasileiro, representado pelo advogado-geral da União, Jorge Messias, fez um pedido público de desculpas à população negra nesta quinta-feira (21), reconhecendo oficialmente a escravização de pessoas negras e seus impactos históricos e sociais. A declaração foi feita durante um evento em Brasília e marca um passo significativo no reconhecimento das injustiças históricas e no fortalecimento do combate à discriminação racial.
Declaração oficial
Na mensagem lida por Jorge Messias, o governo assumiu a responsabilidade histórica e ressaltou o compromisso com políticas públicas voltadas à igualdade racial:
“A União manifesta publicamente o pedido de desculpas pela escravização das pessoas negras, bem como de seus efeitos. Reconhece que é necessário envidar esforços para combater a discriminação racial e promover a emancipação das pessoas negras brasileiras.”
A declaração também enfatizou o compromisso do Estado em criar políticas que promovam igualdade e reparação.
Discursos de destaque
A ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania, Macaé Evaristo, destacou a relevância da luta histórica da população negra e o impacto duradouro da escravidão.
“Essa memória de mais de 300 anos de escravatura não acaba no 13 de maio, porque o 14 de maio começa com o total abandono da população negra no país”, afirmou.
A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, também fez um discurso emocionado, lembrando a luta contra o racismo e citando a condenação dos assassinos de sua irmã, a vereadora Marielle Franco, como um marco de justiça em 2024.
“Não é normal, a cada dia e em cada instante, termos que lidar com essas mazelas e essas dores. É fundamental que avancemos em ações concretas.”
Impacto e simbolismo
O pedido de desculpas oficial reflete um esforço do governo em reparar simbolicamente as injustiças do passado e reafirmar o compromisso com a equidade racial. O gesto é visto como uma vitória para os movimentos negros, que há décadas lutam por reconhecimento e igualdade de direitos no Brasil.
O evento reforçou a necessidade de ações concretas para combater o racismo estrutural, promover a inclusão social e garantir a dignidade para a população negra brasileira, ainda marcada por desigualdades históricas.