Na próxima semana, o Rio de Janeiro sediará o encontro do G20, onde líderes das principais economias mundiais, além da União Europeia e União Africana, discutirão questões urgentes de segurança global. A agenda deve incluir o debate sobre conflitos armados como a guerra entre Rússia e Ucrânia, além das crescentes tensões no Oriente Médio, afetando diretamente civis e a estabilidade internacional.
Com os impactos globais de conflitos armados, o Brasil busca assumir um protagonismo na mediação dessas discussões. O professor Augusto Teixeira, coordenador do Grupo de Pesquisa em Estudos Estratégicos e Segurança Internacional da UFPB, destaca que conflitos como os no Líbano e as tensões entre China e Taiwan devem figurar nas pautas. Segundo ele, o G20 oferece uma plataforma única para que essas questões sejam abordadas por nações diretamente impactadas pelas tensões e que possuem um papel na governança global.
Reforma do Conselho de Segurança da ONU: Proposta Brasileira
Entre as prioridades do Brasil como anfitrião do G20, está a defesa de uma reforma na governança global, com foco na ampliação do Conselho de Segurança da ONU. O objetivo é garantir uma representatividade mais ampla e fortalecer o papel da Assembleia Geral. Em documento divulgado em setembro, chanceleres do G20 apoiaram um conselho ampliado e com maior interação com a Assembleia Geral em temas de paz e segurança.
Porém, a implementação dessa proposta é complexa. Teixeira observa que os atuais membros permanentes do conselho, que possuem poder de veto, podem relutar em ceder poder. Mariana Kalil, professora de geopolítica da Escola Superior de Guerra, sugere que o apoio à reforma será abordado de maneira mais generalizada nas discussões do G20.
Papel do G20 em uma Governança mais Inclusiva
Para o professor Antonio Jorge Ramalho, da Universidade de Brasília, o G20 não tem autoridade formal sobre a governança global, mas sua influência vem crescendo devido à falta de resoluções em fóruns tradicionais. “O G20 pode desempenhar um papel construtivo sob a presidência do Brasil, ainda que sua capacidade de ação seja limitada,” afirma.