O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu hoje a proposta do primeiro Plano Brasileiro de Inteligência Artificial. O plano visa equipar o Brasil com infraestrutura tecnológica avançada e desenvolver modelos de linguagem em português, refletindo as características culturais, sociais e linguísticas do país.
Os investimentos planejados somam R$ 23,03 bilhões até 2028, com o objetivo de fortalecer a soberania nacional e promover a liderança global do Brasil em inteligência artificial (IA) através de desenvolvimento tecnológico e colaborações internacionais estratégicas.
Objetivos do Plano
Durante a abertura da 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, Lula enfatizou a importância do plano para o desenvolvimento do país. “O Brasil precisa aprender a voar, o Brasil não pode ficar dependendo a vida inteira. Nós somos grandes, nós temos inteligência, o que precisamos é ter ousadia de fazer as coisas acontecerem”, afirmou.
O plano também destaca a necessidade de uma gestão responsável da IA para evitar riscos e desigualdades. A presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Helena Nader, ressaltou a importância do uso ético da IA, destacando questões de equidade, transparência, privacidade de dados e proteção da propriedade intelectual.
Estrutura e Ações
As recomendações do plano estão organizadas em cinco eixos, abrangendo 54 ações concretas:
- Infraestrutura e desenvolvimento de IA
- Difusão, formação e capacitação em IA
- IA para melhoria dos serviços públicos
- IA para inovação empresarial
- Apoio ao processo regulatório e de governança da IA
Investimentos e Recursos
Os R$ 23,03 bilhões previstos para o plano virão de diversas fontes:
- Créditos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES): R$ 12,72 bilhões
- Recursos não-reembolsáveis do FNDCT: R$ 5,57 bilhões
- Orçamento da União: R$ 2,90 bilhões
- Setor privado: R$ 1,06 bilhões
- Empresas estatais: R$ 430 milhões
- Outros: R$ 360 milhões
A ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, destacou que os investimentos públicos brasileiros se comparam aos da União Europeia, e que o Brasil pretende integrar seus dados em uma nuvem própria e soberana.
Supercomputador Santos Dumont
Uma das principais ações do plano é a atualização do supercomputador Santos Dumont, do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), em Petrópolis (RJ). A meta é que, em cinco anos, o Santos Dumont esteja entre os cinco computadores com maior capacidade de processamento do mundo, com investimentos de R$ 1,8 bilhão.
Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação
A conferência, que ocorre até 1º de agosto, tem como tema “Ciência, Tecnologia e Inovação para um Brasil Justo, Sustentável e Desenvolvido”. Com mais de 50 sessões de debates e a participação de 2.200 pessoas presenciais por dia, além de mais de 2.000 virtuais, o evento discute temas como mudanças climáticas, transição energética, financiamento da ciência e diversidade na ciência.
Antes da etapa nacional, mais de 100 mil pessoas participaram dos eventos preparatórios nos últimos seis meses. As recomendações coletadas ajudarão na formulação da nova Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação até 2030.
Este plano marca um passo significativo para o Brasil em direção à soberania tecnológica e liderança global em inteligência artificial.