O governo brasileiro decidiu expulsar a chefe da Embaixada da Nicarágua no Brasil, Fulvia Patricia Castro Matus, em resposta à expulsão do embaixador do Brasil em Manágua, Breno Dias da Costa, pelo governo de Daniel Ortega. A medida foi tomada com base no princípio da reciprocidade, conforme informou o Itamaraty nesta quinta-feira (8). A expulsão de Costa ocorreu após ele não comparecer ao aniversário de 45 anos da Revolução Sandinista, em 19 de julho, o que irritou o governo nicaraguense.
O Itamaraty reforçou que, apesar do gesto político, as relações diplomáticas entre os dois países não foram rompidas. Todos os serviços consulares prestados aos brasileiros que vivem na Nicarágua, estimados em cerca de 180 pessoas, serão mantidos. Na prática, a expulsão dos embaixadores reduz o nível de representação diplomática entre os países, um sinal claro de insatisfação nas relações internacionais.
A tensão entre Brasil e Nicarágua já vinha se intensificando desde que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tentou intermediar, a pedido do papa Francisco, a libertação de Rolando Álvarez, bispo católico preso pelo governo de Ortega. Apesar dos esforços diplomáticos de Lula, Ortega não respondeu aos pedidos de diálogo, agravando o desgaste nas relações bilaterais.
A Nicarágua tem enfrentado críticas internacionais e sanções econômicas, especialmente dos Estados Unidos, devido à repressão do governo Ortega contra a oposição e à perseguição de críticos, que resultaram em prisões arbitrárias. De acordo com a Anistia Internacional, pelo menos 119 pessoas estão detidas injustamente, incluindo o bispo Álvarez, condenado a 26 anos de prisão.
Esse episódio marca um novo capítulo nas já frágeis relações diplomáticas entre Brasil e Nicarágua, destacando as crescentes tensões internacionais envolvendo o governo de Daniel Ortega.