Um estudo recente divulgado pelo Observatório do Clima (OC) apresenta um plano ambicioso para a descarbonização do setor energético brasileiro. O estudo propõe uma série de medidas que visam reduzir em 80% as emissões anuais de gases de efeito estufa até 2050, permitindo que o Brasil atenda à crescente demanda por energia, com uma economia em expansão, sem comprometer o meio ambiente.
O estudo sugere um conjunto de ações estratégicas para alcançar essa meta ambiciosa, incluindo:
- Expansão das energias renováveis: O estudo destaca o potencial do Brasil em energia solar e eólica, enfatizando a necessidade de investimentos em novas tecnologias de armazenamento para garantir o fornecimento constante de energia.
- Desenvolvimento do hidrogênio verde: A produção de hidrogênio verde, utilizando fontes renováveis de energia, é apontada como uma alternativa promissora para descarbonizar setores de difícil abatimento, como a indústria pesada.
- Incentivo aos biocombustíveis: O estudo defende a ampliação do uso de biocombustíveis, como o etanol, como uma solução de baixo carbono para o setor de transportes.
- Eletrificação do transporte público: Priorizar o transporte público coletivo eletrificado em detrimento do transporte individual motorizado é crucial para reduzir as emissões nas áreas urbanas.
Fim dos Subsídios aos Combustíveis Fósseis e Reestruturação da Petrobras
O estudo também recomenda medidas mais controversas, como a eliminação de subsídios governamentais aos combustíveis fósseis e a interrupção da expansão da exploração de petróleo, incluindo a proibição da abertura de novos poços na Foz do Amazonas. A transição energética exigiria uma reestruturação da Petrobras, transformando-a em uma empresa de energia com foco em fontes de baixo carbono e reduzindo gradualmente sua produção de petróleo de forma a preservar seu valor de mercado.
Justiça Climática e Sustentabilidade
A coordenadora de políticas públicas do OC, Suely Araújo, destaca a importância do plano para que o Brasil se torne a primeira grande economia carbono negativo do mundo até 2045. O estudo enfatiza a necessidade de uma transição justa, que beneficie toda a sociedade, combatendo a pobreza energética e promovendo a justiça climática.
Desafios da Transição Energética
O estudo reconhece os desafios da transição energética, alertando para os potenciais impactos socioambientais da mineração de metais estratégicos, como lítio e cobre, necessários para a produção de tecnologias limpas. É crucial que a expansão das energias renováveis e a exploração mineral sejam conduzidas de forma responsável, com ampla participação das comunidades afetadas e um arcabouço regulatório robusto que minimize os impactos negativos.
Um futuro de energia limpa para o Brasil
A implementação das medidas propostas pelo Observatório do Clima representa uma oportunidade para o Brasil assumir um papel de liderança na luta global contra as mudanças climáticas. Um futuro de energia limpa, justa e sustentável é possível, mas exige ação decisiva e uma visão de longo prazo por parte do governo, do setor privado e da sociedade como um todo.