A casa onde o guerrilheiro e poeta Carlos Marighella viveu com sua companheira Clara Charf, no bairro de Nazaré, em Salvador, será sede do Instituto Carlos Marighella, um centro destinado à promoção de atividades culturais e à formação política. O anúncio foi feito na última segunda-feira (4), durante um evento em São Paulo que marcou os 55 anos da morte de Marighella, assassinado pela ditadura militar em 1969. A cerimônia ocorreu no Armazém do Campo, no bairro Campos Elíseos, e contou com a presença de movimentos sociais, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que há anos apoiam a criação do instituto.
Carlos Marighella, natural de Salvador, foi uma das figuras centrais na resistência armada contra a ditadura. Fundador da Ação Libertadora Nacional (ALN), Marighella se destacou na luta pela liberdade e pela justiça social. Sua trajetória de resistência começou como estudante e militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB), sendo preso e torturado em diversas ocasiões. Na década de 1960, se distanciou do PCB por discordâncias ideológicas, formando a ALN, que se dedicou à guerrilha urbana contra o regime militar.
Legado e Memória Coletiva
José Luiz Del Roio, companheiro de militância de Marighella e responsável por preservar documentos históricos do PCB, participou do ato de inauguração e destacou a importância de preservar a memória dos que tombaram na luta pela democracia. “Nossa memória é coletiva e precisa ser compartilhada para que a sociedade construa uma visão sólida do passado”, afirmou Del Roio. O militante enfatizou o papel do Instituto em tornar essa memória acessível ao público, estimulando a reflexão sobre a história do Brasil.
Trajetória de Luta
Marighella começou sua militância no PCB, mas seu ideal de uma luta armada independente o levou à criação da ALN em 1968. A organização ficou conhecida por ações de guerrilha urbana, como o apoio ao sequestro do embaixador norte-americano, realizado pelo MR-8, grupo parceiro na luta armada. Marighella foi assassinado em 4 de novembro de 1969, em uma emboscada armada pelo Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) de São Paulo, que afirmou, oficialmente, ter ocorrido um tiroteio durante a operação.
O Instituto Carlos Marighella em Salvador tem como objetivo preservar e compartilhar o legado do guerrilheiro, promovendo debates e atividades que mantenham viva a memória de sua luta.