A cobertura vacinal infantil em todo o estado do Rio de Janeiro registrou queda significativa nos últimos cinco anos. De acordo com o levantamento da Gerência de Imunizações da Secretaria de Estado de Saúde (SES), divulgado hoje (25) pela pasta, e que traz um panorama “alarmante”, os índices são os menores desde 2002. A exceção é para a vacina BCG, oferecida nas maternidades. O estudo apontou que o maior impacto foi em 2020, em consequência da pandemia da covid-19.
A necessidade de isolamento social dificultou o acesso aos postos de vacinação. Conforme o levantamento, naquele ano aproximadamente 40% dos bebês do estado deixaram de ser imunizados.
O secretário municipal de Saúde, Alexandre Chieppe, alertou que muitas doenças graves como o sarampo e a poliomielite podem ser evitadas com a vacinação das crianças. “Por isso, é extremamente importante que os pais procurem os postos com a caderneta vacinal das crianças para que elas recebam todos os imunizantes da rotina infantil”, disse. Além disso, os agentes comunitários do Rio de Janeiro estão fazendo o monitoramento nas residências.
Para o secretário municipal de Saúde do Rio, Daniel Soranz, a queda da vacinação é uma realidade do pós-covid, porque muitas doenças no período foram negligenciadas. Ele considera que não fazia sentido uma mãe levar a criança para tomar a vacina quando todos estavam ficando doentes, no momento crítico da covid-19, o que não ocorre agora. “Agora temos um momento muito diferente, uma baixa taxa de transmissão, a menor desde o início da pandemia. As unidades são seguras para as mães levarem os filhos para se vacinar”, disse.
Conforme Soranz, todos os 4600 agentes comunitários de saúde da cidade do Rio de Janeiro, estão analisando as listas de cadastro de cada criança e conferindo a caderneta de vacina. A secretaria está fazendo busca ativa nas escolas não só para covid, mas para outras doenças. Soranz considera que o trabalho é fundamental. Além disso, os agentes comunitários do Rio estão fazendo o monitoramento nas residências.
“Hoje temos muitas doenças que já foram erradicadas como rubéola, sarampo e várias outras doenças, que estão com cobertura muito baixa. Estamos em um momento de menor cobertura vacinal para outras doenças. É muito importante que os pais levem seus filhos para vacinar”, disse, acrescentando que são 240 unidades de saúde na cidade do Rio de Janeiro abastecidas com os imunizantes.
“A gente precisa muito do apoio dos pais e da sociedade para que mantenham seus filhos imunizados não só para a covid-19, mas para todas as doenças. Hoje nos preocupa muito a reintrodução de doenças que já tinham erradicadas há muito tempo”, completou.
A primeira dose da vacina tríplice viral para sarampo, caxumba e rubéola teve queda de aproximadamente 40%, se comparados os anos de 2017, que atingiu 94,29% de imunização e 2021, quando caiu para 55,97%. Na etapa de reforço, a redução é ainda maior, cerca de 46%. Em 2017, a cobertura vacinal era 67,96% e, em 2021, de 36,25%. “A segunda dose deve ser aplicada em crianças de 15 meses a 4 anos de idade. A meta preconizada pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI) é a imunização de 95% do público-alvo”, informou a SES.
Segundo a secretaria, em 2020, o estado do Rio registrou 1.302 casos de sarampo. O número equivale a um aumento de 147% em relação a 2019. Naquele ano, foram anotados 526 casos.
Poliomielite
A cobertura vacinal recuou também para a poliomielite. A queda na aplicação da primeira dose da vacina é de aproximadamente 41%, na mesma comparação. Em 2017, era de 88,76% e, em 2021, de 52,26%. Outra redução que chamou atenção foi nas doses de reforço, aplicadas entre 15 meses e 4 anos. No primeiro reforço, a cobertura passou de 77,20%, em 2017, para 43,24%, em 2021. A diferença corresponde a um recuo de 43,98%. Na última dose, aplicada aos 4 anos, em 2017, ficou em 65,59%, mas em 2021 caiu para 38,07%. “A baixa na cobertura vacinal foi de 41,95%”, completou a SES.
A secretaria informou que o último caso de infecção por poliomielite no Brasil foi registrado na cidade de Souza, na Paraíba, em 1989. Em 1994, o país recebeu o certificado de eliminação da pólio. A erradicação da doença, também conhecida como paralisia infantil, é resultado do sucesso do Programa Nacional de Imunizações (PNI), que prevê um calendário para aplicação de forma gratuita de mais de 12 vacinas em crianças de até 5 anos.
Entre as vacinas previstas no calendário do PNI para crianças de até 5 anos de idade, estão a BCG; a hepatite A e B; a penta para difteria, tétano, coqueluche, Haemophilus influenzae B e hepatite B; a pneumocócica 10 valente; a vacina inativada poliomielite (VIP); a vacina rotavírus Humano (VRH); a meningocócica C (conjugada); a vacina oral poliomielite (VOP ); a de febre amarela; a tríplice viral; a DTP para difteria, tétano e coqueluche; e varicela para catapora.
Para os adolescentes, estão disponíveis das vacinas HPV quadrivalente (papilomavírus humano); a dTpa para gestantes adolescentes e contra difteria, tétano e coqueluche; a meningocócica ACWY (conjugada) e a dT (difteria e tétano). “Embora o Calendário Nacional de Imunizações preveja faixas etárias para aplicação das vacinas, é importante reforçar que os imunobiológicos ficam disponíveis nas salas de vacinação dos municípios para que os esquemas vacinais sejam completados em qualquer idade”, informou a secretaria.
Covid-19
A aplicação da vacina da Pfizer contra covid-19 em crianças de 5 a 11 anos e da CoronaVac para crianças de 6 a 11 anos está autorizada pelo Ministério da Saúde desde janeiro deste ano. “O esquema vacinal prevê duas doses: no caso da Pfizer, o intervalo é de oito semanas; e para a CoronaVac, 28 dias. A cobertura vacinal nesta faixa etária em todo o estado está em 32%, com mais de 500 mil doses já aplicadas”, afirmou.