Na competição de revezamento do atletismo, a troca do bastão entre os corredores carrega um simbolismo profundo. Ela transmite a mensagem de “eu fiz minha parte, agora é a sua vez”. Esse mesmo contexto se aplica à participação do Brasil na Copa do Mundo feminina deste ano, sediada na Austrália e na Nova Zelândia. Enquanto a lendária Marta, a maior artilheira da história da seleção brasileira em todos os gêneros, se despede do Mundial pela sexta e última vez, outras 11 talentosas jogadoras brasileiras farão sua estreia nesse prestigiado evento, em busca de um título inédito para o país.
Once more with feeling. 🇧🇷❤️@MartaVieiras10 confirms that her sixth #FIFAWWC will also be her last.@SelecaoFeminina | #BeyondGreatness
— FIFA Women's World Cup (@FIFAWWC) July 4, 2023
Marta, aos 37 anos, representa a ligação entre a atual geração da seleção brasileira feminina e a equipe vice-campeã mundial em 2007, além das conquistas olímpicas em 2004 e 2008. Pela primeira vez, a talentosa jogadora enfrentará um campeonato de alto nível sem a presença da meio-campista Formiga e da atacante Cristiane ao seu lado. Cristiane, de 38 anos, já havia sido excluída dos Jogos Olímpicos de Tóquio, no Japão, e novamente não foi convocada por Pia Sundhage, apesar da pressão popular. Durante a coletiva de imprensa após a convocação, a treinadora preferiu não comentar sobre a ausência da centroavante.
Das outras 11 jogadoras convocadas por Pia, todas já haviam disputado o torneio anteriormente, mas o destaque entre as veteranas é a alagoana de Três Riachos. Marta foi eleita seis vezes a melhor jogadora do mundo e marcou 17 gols em Copas, tornando-se a maior artilheira da competição, incluindo os torneios masculinos. Nas cinco edições em que participou, de 2003 a 2019, a camisa 10 balançou as redes pelo menos uma vez em cada uma delas, uma conquista compartilhada apenas pela atacante canadense Christiane Sinclair.
É hora de sorrir! Muito trabalho e alegria por aqui… 😁🇧🇷
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E quem assumirá o legado deixado pela Rainha? Algumas candidatas já se destacam dentro do atual grupo. As meio-campistas Ary Borges e Kerolin, ambas com 23 anos, ganharam espaço após os Jogos Olímpicos e se tornaram titulares sob o comando de Pia. A volante Angelina, também com 23 anos, conseguiu se firmar após sua convocação de última hora para Tóquio. Infelizmente, devido a uma lesão no joelho direito que a deixou fora de ação por quase um ano, Angelina não faz parte das 23 jogadoras convocadas para a Copa, mas viajou como uma das três suplentes.
Outra suplente que merece atenção para o futuro, embora já esteja brilhando no presente, é Aline Gomes. Em um período de apenas 11 meses, a meia-atacante de 18 anos completos em 7 de julho defendeu o Brasil nos Campeonatos Mundiais Sub-17 e Sub-20 (sendo titular em ambos) e foi chamada para a seleção principal.
Fotos da aniversariante? Temos! 🥳
Parabéns, @AlineGomesx07! Que seja mais um ano muito especial!
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Além de Aline, a lateral Bruninha, de 21 anos, e a zagueira Lauren, de 20 anos, que estão entre as 23 convocadas, estiveram presentes no último Campeonato Mundial Sub-20, onde ajudaram o Brasil a conquistar o terceiro lugar. Fora da lista de Pia, nomes como a zagueira Tarciane, de 20 anos, e a volante Yayá, de 21 anos, também fizeram parte daquela campanha, foram observadas pela treinadora sueca e têm um lugar garantido nos próximos passos da seleção feminina.
A aproximação com as seleções de base foi um dos aspectos marcantes do trabalho de Pia. A treinadora assumiu o cargo em agosto de 2019 com a renovação da equipe como objetivo. Foi ela quem trouxe para a equipe jogadoras como a zagueira Tainara, de 24 anos, e as meio-campistas Micaelly, de 22 anos, Jaqueline, de 23 anos, Ana Vitória, de 23 anos, Duda Sampaio, de 22 anos, e a atacante Nycole, de 22 anos. As três últimas conseguiram uma convocação para a Copa, enquanto Tainara, que se recuperou recentemente de uma lesão, foi chamada como suplente.
📍 Gold Coast, Austrália
Bom dia, Brasil! Iniciamos nossa rotina de atividades em solo australiano com aquela alegria de sempre! 😁🇧🇷
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A própria Pia, aos 63 anos, tem a oportunidade de conquistar um título inédito na Copa do Mundo deste ano. A treinadora já levou os Estados Unidos ao ouro olímpico em 2008 (superando o Brasil na final) e em 2012. No entanto, na Copa do Mundo, ela teve algumas vezes o gostinho do quase. Como jogadora, Pia ajudou a Suécia a conquistar o terceiro lugar na primeira edição do torneio, em 1991. Como técnica, foi vice-campeã em 2011, comandando os Estados Unidos, que foram derrotados pelo Japão na final.
Os números de Pia à frente da seleção brasileira são impressionantes. Em 54 jogos, obteve 33 vitórias, 12 empates e nove derrotas, com 124 gols marcados e 40 sofridos. Nos Jogos Olímpicos de Tóquio, a equipe de Pia foi eliminada nas quartas de final nos pênaltis contra o Canadá. No ano passado, ela conquistou seu primeiro título oficial com a seleção brasileira: a Copa América de 2022, que garantiu à equipe a vaga para os Jogos Olímpicos de Paris, em 2024, na França.
Olho nas rivais
O Brasil é uma das sete nações que participaram de todas as oito edições da Copa do Mundo feminina. Na edição deste ano, que é a primeira a contar com 32 seleções e é disputada em dois países, as brasileiras foram sorteadas para o Grupo F, com sede na Austrália. No grupo, o Brasil enfrentará as seleções da França, Jamaica e Panamá. O primeiro jogo da equipe brasileira será na próxima terça-feira (24), às 8h (horário de Brasília), em Adelaide, contra o Panamá. No dia 29, às 7h, as adversárias serão as francesas, em Brisbane. Por fim, no dia 2 de agosto, as brasileiras enfrentarão as jamaicanas, novamente às 7h, em Melbourne.
A fase de grupos da Copa do Mundo está chegando!
E aí, já anotou todos os detalhes? Contamos com a sua torcida! Vamos juntas #PelaPrimeiraEstrela! ⭐️🇧🇷 pic.twitter.com/h25sCEHn3J
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O Panamá, o primeiro adversário do Brasil, é uma das oito equipes estreantes na Copa do Mundo feminina. A seleção está classificada na 52ª posição do ranking da FIFA, sendo a equipe com a pior colocação entre as participantes do grupo brasileiro. O Panamá garantiu sua vaga na Copa do Mundo por meio do playoff mundial, eliminando o Paraguai. O técnico mexicano Ignacio Quintana convocou 12 jogadoras que atuam no país e 11 que jogam no exterior, sendo três na Europa e duas nos Estados Unidos.
Dentre as jogadoras que atuam nos EUA, destaca-se a defensora Hilary Jaén, de 20 anos, que ainda está no futebol universitário. Por outro lado, a atacante Riley Tanner, de 23 anos, é a primeira jogadora panamenha a atuar na liga profissional dos Estados Unidos, uma das principais ligas do mundo. Curiosamente, ela nasceu em território norte-americano, mas optou por representar o país de sua mãe, o Panamá.
🔥 LAS MUNDIALISTAS SE SIGUEN PREPARANDO 🔥
La Selección Mayor Femenina continúa con su preparación con miras a su primera participación en una Copa Mundial Femenina de la @FIFAWWC 🏆. pic.twitter.com/45dOAnXljv
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Em seguida, as brasileiras enfrentarão a França, equipe que as eliminou na última Copa do Mundo. Naquela ocasião, a França saiu vitoriosa sobre a seleção brasileira, então comandada por Vadão, com um placar de 2 a 1 na prorrogação. Comparado à edição anterior, no qual o Brasil foi eliminado nas quartas de final pelos Estados Unidos, as francesas contam com 11 jogadoras remanescentes no elenco sob o comando do técnico Hervé Renard, que também treinou a seleção masculina da Arábia Saudita na última Copa do Mundo masculina.
Hervé assumiu o cargo em março, substituindo Corinne Diacre, que foi demitida devido a desavenças com algumas das principais jogadoras da seleção francesa. Um mês antes da troca de treinador, a zagueira e capitã Wendy Renard declarou que não representaria mais a equipe sob o comando de Diacre. Essa decisão foi seguida por outros nomes importantes, como as atacantes Kadidiatou Diani e Marie-Antoinette Katoto.
Le début d’une grande aventure ✈️🇦🇺🌏 #FiersdetreBleues pic.twitter.com/i70gpvW8yy
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A saída da treinadora abriu caminho para o retorno das jogadoras, interrompendo a situação problemática. No entanto, a seleção francesa terá desfalques significativos na Copa, como a meia Amandine Henry (autora do gol que eliminou o Brasil há quatro anos) e as atacantes Delphine Cascarino e Marie-Antoinette Katoto, todas lesionadas.
A Jamaica, último adversário da fase de grupos, não é uma equipe desconhecida. Brasil e Jamaica se enfrentaram na última Copa do Mundo, com vitória brasileira por 3 a 0 no jogo de abertura para ambas as equipes. Do time jamaicano daquela ocasião, há 11 jogadoras remanescentes, incluindo Khadija Shaw, o nome mais importante da equipe. A atacante de 26 anos atua pelo Manchester City, na Inglaterra, e foi a vice-artilheira do último Campeonato Inglês, marcando 20 gols em 22 partidas. Ao longo da temporada, incluindo outras competições, ela encontrou as redes 31 vezes em 30 jogos.
The Reggae Girlz are ready for the challenge Down Under! 👊🇯🇲@JFF_Football | #FIFAWWC
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A seleção jamaicana também passou por recentes mudanças de comando, que foram tumultuadas. Lorne Donaldson assumiu o cargo de técnico, substituindo Vin Blane, após as jogadoras da equipe caribenha escreverem uma carta à federação solicitando a troca de treinador. Blane, por sua vez, já havia substituído Hubert Busby Jr., que foi suspenso devido a acusações de assédio sexual ocorridas quando trabalhava no Canadá em 2011. Busby Jr. tinha sido assistente técnico da seleção em 2019.
Os dois primeiros colocados do Grupo F avançarão para as oitavas de final, onde enfrentarão os dois classificados do Grupo H, que inclui Alemanha, Colômbia, Coreia do Sul e Marrocos. O líder de um grupo enfrentará o segundo colocado do outro grupo.