O presidente da Argentina, Javier Milei, enfrenta uma grave crise política após o lançamento da criptomoeda $Libra, promovida por uma empresa privada com o suposto aval do governo. O episódio, apelidado de “Cripto Gate”, gerou suspeitas sobre a participação de membros do governo em possíveis irregularidades na valorização e posterior queda do ativo digital.
A polêmica começou quando Milei publicou um texto de apoio ao projeto Viva La Libertad, que lançou a criptomoeda $Libra com a promessa de financiar pequenos negócios na Argentina. Logo após o anúncio, o valor da criptomoeda disparou, permitindo que alguns investidores obtivessem altos lucros antes da queda brusca do ativo, levantando suspeitas de manipulação de mercado.
Diante das críticas e acusações de fraude, Milei apagou a publicação original, negando qualquer envolvimento com o projeto. No entanto, o jornal La Nación afirmou que o caso abriu uma “caixa de Pandora”, com denúncias de que pessoas próximas ao presidente teriam pedido vantagens pessoais a empresários em troca de acesso ao chefe de Estado.
Governo anuncia investigação sobre o caso
Pressionado pela opinião pública e pela oposição, o governo argentino anunciou a criação de uma força-tarefa para investigar o projeto Viva La Libertad e a $Libra, além de uma apuração interna conduzida pelo Gabinete Anticorrupção. O próprio Milei autorizou que a investigação alcance membros do governo, incluindo ele mesmo.
A equipe presidencial divulgou uma nota oficial, afirmando que o primeiro contato de Milei com os representantes da criptomoeda ocorreu em outubro de 2024 e que o presidente apenas compartilhou a iniciativa como faz com outros projetos empreendedores. Segundo o comunicado, Milei teria retirado o post para evitar especulações e evitar dar mais publicidade ao projeto.
Denúncias na Justiça e possível prejuízo bilionário
O escândalo já chegou aos tribunais. Neste domingo (16), representantes de organizações sociais e do partido Unidade Popular entraram com uma denúncia contra Milei, alegando que o presidente teria prejudicado mais de 40 mil investidores ao se associar a um esquema que pode ter causado um prejuízo de US$ 4 bilhões.
O caso representa um dos maiores desafios políticos para Milei desde que assumiu a presidência, colocando em xeque sua credibilidade e a confiança dos investidores no país.