Um estudo recente destaca uma preocupante relação entre o uso excessivo da internet e a ideação suicida, especialmente entre jovens universitários. A pesquisa, conduzida pela professora Irena Penha Duprat na Universidade de São Paulo (USP), analisou a saúde mental de 503 estudantes da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (Uncisal). Os resultados apontam que 51% dos entrevistados apresentaram algum nível de dependência da internet, enquanto 12,5% relataram ideação suicida, sendo mais prevalente entre aqueles com dependência moderada ou grave.
O estudo também revelou que a internet muitas vezes funciona como um mecanismo de fuga para jovens com transtornos como depressão e ansiedade. “Os estudantes recorrem à internet como uma forma de evitar lidar com problemas emocionais”, explica Irena. Além disso, o impacto negativo é mais pronunciado entre as mulheres, que são mais suscetíveis à baixa autoestima e sentimentos de inferioridade ao compararem suas vidas com padrões irreais vistos em redes sociais.
Internet como ferramenta de prevenção ao suicídio
Embora o uso descontrolado da internet esteja associado a problemas de saúde mental, especialistas apontam que ela também pode ser uma ferramenta importante na prevenção ao suicídio. A psicóloga Karen Scavacini, do Instituto Vita Alere, destaca que muitas pessoas buscam nas redes sociais informações e grupos de apoio sobre saúde mental. Plataformas digitais têm sido cada vez mais utilizadas como meio de compartilhar experiências e oferecer suporte emocional.
A tecnologia também abre caminho para novos tratamentos. Terapias online e aplicativos voltados para a saúde mental estão sendo desenvolvidos, e o próprio Instituto Vita Alere oferece materiais educativos e ferramentas de apoio para famílias e educadores. A iniciativa inclui o “Mapa da Saúde Mental”, que disponibiliza locais de atendimento gratuito em todo o Brasil.
Setembro Amarelo e a importância da conscientização
No contexto da campanha Setembro Amarelo, que visa a conscientização sobre a prevenção ao suicídio, o papel das escolas e universidades é fundamental. Iniciativas como o projeto Cuca Legal, da Universidade Federal Fluminense (UFF), oferecem suporte psicológico a estudantes e promovem o uso saudável da internet. “Falar abertamente sobre saúde mental é crucial para combater o estigma e incentivar a busca por ajuda”, afirma Scavacini.
Com o crescente uso da tecnologia, é essencial promover o equilíbrio. A dependência da internet pode ser tratada com psicoterapia, e em alguns casos, com medicação. Ao mesmo tempo, é preciso conscientizar sobre os benefícios e riscos do mundo digital, reforçando o uso consciente das redes sociais para garantir que a internet seja uma aliada na promoção da saúde mental.
Para quem estiver passando por dificuldades emocionais, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece atendimento gratuito por meio da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), além do apoio do Centro de Valorização da Vida (CVV), que atende pelo telefone 188 ou pela internet.