Poucos dias após o início do novo mandato de Donald Trump, os Estados Unidos deram início a operações de deportação em massa de imigrantes ilegais, cumprindo uma das promessas centrais da campanha presidencial do republicano. Na noite da última quinta-feira (23), 538 pessoas foram detidas e centenas deportadas, em uma ação coordenada anunciada pela Casa Branca como a maior operação do tipo na história do país.
“A administração Trump deteve 538 imigrantes ilegais criminosos”, declarou Karoline Leavitt, porta-voz da Casa Branca. Ela também afirmou que os deportados foram encaminhados em aviões do Exército, reforçando que a ação reflete o compromisso do presidente em combater a imigração irregular. “Promessas cumpridas”, escreveu Leavitt, destacando o objetivo do governo de tratar o tema como uma “emergência nacional”.
Desde o primeiro dia de mandato, Trump assinou diversas ordens executivas voltadas a endurecer as políticas de imigração, incluindo medidas para impedir a entrada de novos imigrantes e a detenção de indivíduos suspeitos de crimes, mesmo sem mandados específicos.
Entretanto, as ações têm gerado controvérsia. O prefeito de Newark, Ras J. Baraka, afirmou em comunicado que os agentes federais causaram confusão ao detê-lo em um estabelecimento local sem apresentar documentos oficiais que justificassem a ação.
Cidadania
Ainda na quinta-feira, o governo de Donald Trump enfrentou um revés judicial. Um juiz federal bloqueou temporariamente a ordem executiva assinada pelo presidente que negava cidadania norte-americana a crianças nascidas nos Estados Unidos, cujos pais estivessem em situação ilegal.
A medida, que buscava reverter o direito assegurado pela 14ª Emenda da Constituição, foi amplamente contestada. Promulgada em 1868, a emenda garante cidadania a todos os nascidos em solo americano, incluindo filhos de ex-escravos. Trump, no entanto, propôs negar esse direito para crianças nascidas a partir de 19 de fevereiro, com base em sua meta de conter a imigração irregular.
A ordem executiva também proibia agências federais de emitir ou reconhecer documentos que atestassem a cidadania dessas crianças. O juiz distrital John Coughenour, que analisou o caso, classificou a medida como “flagrantemente inconstitucional”.
“Estou neste cargo há mais de 40 anos e nunca vi um caso com uma questão tão clara como esta”, afirmou o magistrado ao Departamento de Justiça. Ele suspendeu a medida por 14 dias, período em que ambas as partes apresentarão novos argumentos antes de uma decisão definitiva, prevista para 6 de fevereiro.
Grupos de defesa dos direitos dos imigrantes e procuradores de 22 estados já entraram com ações judiciais contra a medida. “Uma pessoa é cidadã americana se nascer em solo americano, ponto final”, declarou Nick Brown, procurador-geral de Washington. “Precisamos agir agora, pois crianças estão nascendo diariamente em todo o país”.
O Departamento de Justiça, liderado por Brett Shumate, defendeu a ordem executiva de Trump como parte de um esforço necessário para fazer cumprir as leis de imigração. “Estamos ansiosos para apresentar nossos argumentos e demonstrar ao povo americano a importância de aplicar nossas leis de maneira eficaz”, declarou a instituição.
Enquanto isso, o futuro das políticas de imigração de Trump permanece em disputa judicial, alimentando um debate nacional sobre os limites da autoridade presidencial e os direitos fundamentais garantidos pela Constituição dos Estados Unidos.