Pesquisadores da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) revelaram que uma nova espécie de begônia, a “Begonia isadorae”, foi identificada no Parque Estadual da Ilha Grande. Gerida pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea) e localizada em Angra dos Reis, a unidade de conservação é agora lar de uma planta que não se encontra em nenhum outro lugar do mundo.
A Begonia isadorae destaca-se por suas características únicas, que a diferenciam das mais de 100 espécies de begônias já catalogadas no estado do Rio de Janeiro. Sua descoberta foi fruto de um trabalho minucioso de campo, liderado pela professora Eliane Jacques, da UFRRJ.
A façanha foi recentemente publicado na renomada revista científica Phytotaxa, no artigo intitulado “Begonia isadorae (Begoniaceae), a new endemic species from Ilha Grande, an island in southeastern Brazil, with notes on leaf anatomy”.
A Importância
A nova begônia é um exemplo impressionante da biodiversidade da Mata Atlântica e da importância das áreas de conservação para proteger espécies únicas. O secretário de Estado do Ambiente e Sustentabilidade, Bernardo Rossi, destacou a relevância desta descoberta para a ciência e a preservação ambiental. “Descobertas como esta destacam a riqueza e a diversidade da nossa Mata Atlântica e sublinham a importância das nossas unidades de conservação para a preservação da biodiversidade,” afirmou Rossi.
A Begonia isadorae cresce em ambientes úmidos e sombreados, preferindo as rochas cobertas de musgo nas áreas mais preservadas da ilha. A planta foi nomeada em homenagem à Isadora Jacques, filha da pesquisadora principal, um gesto que destaca a tradição científica de homenagear indivíduos importantes na área de estudo.
Comparações e Classificação
Comparada a outras espécies de begônias da mesma região, a Begonia isadorae possui características distintas que a tornam facilmente identificável. Ao contrário de muitas de suas congêneres, que podem ser encontradas em ambientes mais variados, esta nova espécie é restrita a áreas muito específicas da Ilha Grande, o que a coloca em uma posição vulnerável. Devido à sua população limitada e distribuição restrita, a Begonia isadorae foi classificada provisoriamente como Vulnerável (VU), uma medida que ressalta a necessidade urgente de conservação.
“Begonia isadorae é uma nova espécie endêmica da ilha da Mata Atlântica brasileira, um bioma notável por seu alto nível de endemismo e diversidade de espécies. Descrita e ilustrada recentemente a Begonia isadorae pertence à seção Pritzelia (Klotzsch) A.DC. e é morfologicamente semelhante à B. rubropilosa A.DC., compartilhando o mesmo formato e hábito da lâmina foliar. No entanto, difere nas lâminas foliares adaxiais, que são puberulosas a glabrescentes (vs. escabrosas), nas tépalas puberulosas (vs. escamulosas) e no ovário com placentas inteiras (vs. bilameladas). Foram fornecidos um diagnóstico, descrição, comentários ecológicos, notas taxonômicas e de anatomia foliar, além de ilustrações e fotografias coloridas. Begonia isadorae foi preliminarmente classificada como Vulnerável (VU) devido às suas populações muito pequenas e distribuição restrita”. – Informações acadêmicas, tendo como fonte: https://phytotaxa.mapress.com/pt/article/view/phytotaxa.650.3.4
Curiosidade
Em 2023 a professora Eliane Jacques, do Departamento de Botânica da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), em colaboração com a Fiocruz Mata Atlântica, já havia descorto uma nova espécie de begônia, a “begonia pedrabrancesis” nome científico para a nova espécie de begônia endêmica, que foi encontrada na unidade de conservação da Fiocruz Mata Atlântica (FMA) naquela época.
Implicações para a Conservação
A descoberta não apenas enriquece o conhecimento científico, mas também reforça a necessidade de políticas de conservação rigorosas. A Ilha Grande, com suas áreas protegidas, oferece um refúgio vital para esta e outras espécies endêmicas. No entanto, as pressões urbanas e turísticas continuam a ameaçar estes habitats sensíveis.
A presença da Begonia isadorae é um lembrete poderoso de que ainda há muito a descobrir e proteger na Mata Atlântica, Cada nova espécie descoberta é um testemunho da complexidade e beleza do nosso ecossistema, e uma chamada à ação para garantir que essas maravilhas naturais sejam preservadas para as futuras gerações.
A identificação da Begonia isadorae no Parque Estadual da Ilha Grande é uma vitória para a botânica e a conservação ambiental. Ela ilustra a rica tapeçaria de vida que compõe a Mata Atlântica e reforça a importância das unidades de conservação como bastiões da biodiversidade. Enquanto os pesquisadores continuam a explorar e documentar novas espécies, a Begonia isadorae serve como um símbolo da incrível diversidade natural que ainda espera ser descoberta e protegida.