Hoje, 8 de fevereiro, faz um mês desde o ataque de vândalos e golpistas aos prédios-sede dos Três Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário). Mesmo com o passar do tempo, os desdobramentos do quebra-quebra de 8 de janeiro ainda não chegaram ao fim.
Ontem, 7 de fevereiro, a Polícia Federal (PF) realizou a quinta fase da Operação Lesa Pátria, deflagrada em 20 de janeiro. A operação tem como objetivo identificar pessoas que participaram, financiaram ou fomentaram a invasão e depredação dos prédios do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF).
Com autorização do STF, ao menos 20 pessoas já foram presas na operação. Essas pessoas são suspeitas de participar dos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, dano qualificado, associação criminosa, incitação ao crime, destruição, deterioração ou inutilização de bens protegidos. A Câmara dos Deputados estima que o prejuízo na Casa Legislativa, sem considerar o Senado, tenha chegado a R$ 3,3 milhões.
Acampamento
Mais de 900 pessoas que participaram de um acampamento montado por cerca de dois meses em frente ao Quartel-General do Exército, em Brasília, continuam presas. De acordo com a Secretaria Distrital de Administração Penitenciária (Seape), 614 homens estão detidos no Centro de Detenção Provisória da Penitenciária da Papuda, enquanto 306 mulheres permanecem na Penitenciária Feminina, a Colmeia.
As detenções fazem parte da operação realizada após o desmonte do acampamento montado por pessoas descontentes com o resultado das últimas eleições presidenciais. O acampamento foi montado no dia seguinte à vitória do atual presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Além disso, manifestantes também bloquearam rodovias em vários pontos do país com o objetivo de impedir a posse de Lula em 1º de janeiro.
A operação resultou em 1.379 detenções e 459 suspeitos foram liberados, mas devem cumprir restrições judiciais, incluindo o uso de tornozeleiras eletrônicas. As pessoas presas aguardam a decisão da Justiça quanto ao seu destino
O secretário executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Cappelli, emitiu um relatório sobre o período em que atuou como interventor federal na segurança pública do Distrito Federal. De acordo com o documento, grupos pequenos que instalaram barracas em frente a unidades militares logo se tornaram uma estrutura organizada com objetivo de perturbar a ordem pública.
No relatório, Cappelli afirma que as ações antidemocráticas começaram com manifestações concentradas em frente aos quartéis, mas que rapidamente se espalharam para além dessas áreas, se tornando violentas e ameaçando a vida de pessoas. Ele cita dois incidentes que ocorreram em Brasília em dezembro como exemplo de sua tese.
Em 12 de dezembro, um grupo tentou invadir a sede da Polícia Federal em protesto contra a prisão de um dos manifestantes acampados em frente ao quartel do Exército. O grupo bloqueou as vias próximas, incendiou veículos e depredou viaturas do Corpo de Bombeiros. Esse episódio demonstra a evolução da manifestação de um aglomerado de barracas para uma ameaça à ordem pública, de acordo com o relatório de Cappelli.
O quebra-quebra ocorreu no mesmo dia em que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) diplomou Lula e o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, cumprindo uma das exigências legais para empossar os dois em seus respectivos cargos.