As capitais do Paraná e do Rio Grande do Sul, Curitiba e Porto Alegre, respectivamente, preparam-se para o segundo turno das eleições municipais em um contexto marcado por desigualdades sociais profundas. Um levantamento realizado pelo Instituto Cidades Sustentáveis (ICS), intitulado “Grandes Desafios das Capitais Brasileiras”, revela disparidades significativas entre negros e brancos, e entre homens e mulheres, em áreas cruciais como saúde, renda e educação.
Em ambas as cidades, a expectativa de vida de negros é consideravelmente menor em comparação à de brancos. Em Curitiba, a diferença chega a 9,7 anos, com uma média de 71,5 anos para brancos e amarelos e apenas 61,8 anos para pretos, pardos e indígenas. Em Porto Alegre, a disparidade é de 9,5 anos, com 73,8 anos para brancos e amarelos e 64,3 anos para pretos, pardos e indígenas.
Jorge Abrahão, coordenador-geral do ICS, destaca a gravidade dessa desigualdade, afirmando que “a baixa idade média ao morrer reúne uma questão de homicídios maiores, mortalidade infantil maior, habitação precária, as questões de educação e saúde”.
A diferença salarial entre homens e mulheres também é um problema persistente nas duas capitais. Em Curitiba, as mulheres recebem em média 27,28% a menos do que os homens, enquanto em Porto Alegre a diferença é de 23,73%. Abrahão atribui essa disparidade à “estruturação do machismo nessas cidades” e defende a implementação de campanhas públicas para combater a desigualdade salarial.
Educação: Porto Alegre Enfrenta Desafios Significativos
Na área da educação, Porto Alegre enfrenta um desafio considerável. A cidade apresenta o segundo pior desempenho entre as capitais no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) nos anos iniciais do ensino fundamental, com uma nota de 4,7 em uma escala de 0 a 10. Abrahão questiona a baixa qualidade da educação na capital gaúcha, considerando sua riqueza e infraestrutura.
Outros Desafios
Além das questões raciais e de gênero, as duas capitais enfrentam outros desafios importantes, como a segurança pública em Curitiba e a gestão de riscos em Porto Alegre, que foi gravemente afetada por enchentes em maio deste ano. O transporte público também é uma preocupação, com Curitiba buscando retomar sua posição de referência e Porto Alegre lidando com os impactos da desestatização da companhia de ônibus Carris.
As eleições municipais no segundo turno representam uma oportunidade para que os eleitores de Curitiba e Porto Alegre avaliem as propostas dos candidatos para enfrentar esses desafios complexos e construir cidades mais justas, equitativas e sustentáveis.