Neste sábado (14), o Brasil se mobiliza para o Dia D de Combate à Dengue, iniciativa nacional que busca conscientizar a população sobre a importância de prevenir a proliferação do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, zika e chikungunya. A campanha ocorre em um cenário alarmante: em 2024, o país registrou mais de 6,6 milhões de casos prováveis de dengue e quase 6 mil mortes, números cinco vezes superiores aos de 2023.
Autoridades de saúde, incluindo a ministra Nísia Trindade, participarão de ações em locais como o Complexo de Favelas da Maré, no Rio de Janeiro, e cidades como Macapá, Fortaleza, Salvador e Belo Horizonte.
Mudanças Climáticas e Risco de Epidemia
Especialistas alertam que o aumento da temperatura global e a irregularidade das chuvas criaram condições ideais para a proliferação do Aedes aegypti, cuja biologia se adapta rapidamente às mudanças ambientais. “Estamos no período crítico em que as chuvas aumentam, e com elas, a reprodução do mosquito. Este é o momento de agir para evitar uma epidemia em janeiro ou fevereiro”, explicou Rivaldo Cunha, secretário adjunto de Vigilância em Saúde e Ambiente.
Além disso, práticas como o armazenamento improvisado de água em regiões com abastecimento irregular e a falta de coleta de lixo ampliam os focos do mosquito. Objetos como tampinhas de garrafa e entulhos em terrenos baldios são grandes vilões no combate à doença.
Cenário da Dengue em 2024
O Distrito Federal, Minas Gerais e Paraná lideram a incidência de casos, enquanto São Paulo registra o maior número de mortes. Mulheres representam 55% dos infectados, e a faixa etária entre 20 e 29 anos concentra a maioria dos casos. Idosos, bebês, gestantes e pessoas com doenças crônicas são os mais vulneráveis às complicações da doença.
Os principais sintomas incluem febre alta, dores musculares e articulares, mas sinais de agravamento, como vômitos, dores abdominais e sangramentos, exigem atenção médica imediata. Sem tratamento específico, a orientação é evitar automedicação, especialmente com analgésicos que podem causar hemorragias.
Vacinação e Avanços na Produção Nacional
Desde fevereiro, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece a vacina contra a dengue para adolescentes entre 11 e 14 anos, grupo com alta taxa de hospitalização. Embora a distribuição inicial tenha sido limitada, um acordo entre a fabricante Takeda e a Fiocruz permitirá que a vacina seja produzida no Brasil, aumentando a oferta a partir dos próximos anos.
Chikungunya e Zika: Outras Ameaças
O Aedes aegypti também transmite chikungunya, que em 2024 registrou quase 265 mil casos e 210 mortes no Brasil. A doença pode causar complicações neurológicas, como encefalite e paralisias. Já a zika, que teve cerca de 6 mil casos, é especialmente preocupante para grávidas devido ao risco de microcefalia nos bebês.
Mobilização e Prevenção
O Dia D reforça que ações simples podem fazer a diferença. A eliminação de recipientes que acumulam água, a limpeza de quintais e o descarte adequado de resíduos são essenciais para interromper o ciclo do mosquito.
O esforço coletivo visa não apenas reduzir os casos de dengue, mas também criar uma cultura de prevenção que proteja a saúde pública e evite novas epidemias no futuro.