A Polícia Federal (PF) encontrou, na sede do Partido Liberal (PL), um documento manuscrito que expõe estratégias para interromper a transição de governo e impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva em 2022. O material, apreendido na mesa do assessor do general Walter Braga Netto, coronel Peregrino, faz parte do relatório que indiciou 37 acusados por tentativa de golpe de Estado.
O manuscrito, intitulado “Operação 142”, propunha ações como a “mobilização de juristas e formadores de opinião” e terminava com a frase “Lula não sobe a rampa”, em referência à intenção de evitar que o presidente eleito assumisse o cargo.
Estratégia golpista e o artigo 142
O nome “Operação 142” remete ao artigo 142 da Constituição Federal, que trata do papel das Forças Armadas. Segundo a PF, o documento explorava interpretações deturpadas do artigo para justificar uma ruptura institucional.
Entre os tópicos listados estavam medidas como “anulação das eleições”, “prorrogação dos mandatos”, “substituição de todo o TSE” e “preparação de novas eleições”. De acordo com o relatório, os termos refletem a intenção de implementar um golpe de Estado para manter Jair Bolsonaro no poder, mesmo após sua derrota nas urnas.
Detalhes da investigação
O relatório da PF, tornado público após decisão do ministro Alexandre de Moraes nesta terça-feira (26), revelou que o manuscrito trazia jargões militares, como “CG Pol” (Centro de Gravidade Político), indicando um planejamento detalhado e autoritário.
A PF destaca que o material apreendido reforça as provas contra os envolvidos, evidenciando o uso de estruturas militares e partidárias para articular ações golpistas.
Próximos passos
O relatório foi enviado à Procuradoria-Geral da República (PGR), que avaliará a denúncia contra os 37 acusados, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro e militares associados à tentativa de golpe.
Esta revelação reforça o papel de investigações detalhadas na proteção do Estado Democrático de Direito, destacando a necessidade de vigilância contra qualquer ameaça às instituições democráticas.