Neste domingo (19), o Império Serrano abriu a noite de desfiles na Sapucaí, retornando ao Grupo Especial após dois anos ausente da elite do Carnaval do Rio.
O Império Serrano contou com trunfos importantes para tentar acabar com o jejum de 40 anos sem vitória no Carnaval do Grupo Especial do Rio. Além da homenagem ao sambista Arlindo Cruz, que foi representado sentado em um trono, a escola apresentou alas divertidas simbolizando suas canções mais famosas. Tudo isso foi pensado para encantar o público e os jurados, na esperança de conquistar o tão desejado décimo título.
No desfile, foram apresentadas alegorias representando algumas das composições mais icônicas do Império Serrano, como “Bagaço da Laranja”, “Camarão Que Dorme a Onda Leva”, “Tambores de Xangô”, “Falange do Erê” e “Banho de Fé”. Mas, sem dúvida, a mais esperada foi a alegoria que homenageou a música “Bum Bum Paticumbum Prugurundum”, famosa na voz de Arlindo Cruz, e que foi o tema da última vitória da escola no Grupo Especial do Carnaval do Rio, em 1982. Essa escolha evidencia a importância que a canção tem na história do Império Serrano e o quanto a escola valoriza as raízes do samba.
A escola do bairro de Madureira, com 3 mil componentes divididos em 29 alas, fez uma visita aos “lugares de Arlindo” durante o desfile, em referência à música “Meu Lugar”. A escolha desse tema mostra o desejo do Império Serrano de homenagear o sambista de uma forma mais pessoal e íntima, levando o público a uma jornada pelos lugares que Arlindo Cruz frequentava e que inspiraram suas criações musicais. Essa foi uma forma criativa e emocionante de celebrar a vida e a obra de um dos maiores ícones do samba brasileiro.
Em busca do tão almejado décimo título no Carnaval do Rio, o Império Serrano iniciou seu desfile com uma comissão de frente que retratou um ritual de cura e axé. A apresentação contou com a presença de benzedeiras e elementos simbólicos associados ao cantor Arlindo Cruz, como o seu inseparável banjo e o Bloco Cacique de Ramos. Essa escolha demonstra a importância que o sambista tem para a história da escola e para o samba carioca em geral. A comissão de frente foi uma forma de homenagear as raízes do samba e de trazer sorte para a escola em busca de sua tão sonhada vitória.
O carro abre-alas do Império Serrano apresentou nove coroas que representavam os títulos já conquistados pela escola. Além disso, o quarto carro alegórico trouxe uma imensa escultura de uma porta-bandeira, em uma emocionante homenagem a Babi Cruz, esposa de Arlindo e ex-porta-bandeira da Mocidade Independente de Padre Miguel. Essa escolha foi uma forma de reconhecer a importância da figura feminina no mundo do samba e de celebrar a trajetória de Babi, que também é uma referência no Carnaval do Rio de Janeiro. A presença da escultura também reforça o compromisso do Império Serrano em valorizar as tradições e o respeito à bandeira, elemento tão importante na arte da dança e do samba.
Uma curiosidade interessante do desfile do Império Serrano foi que as primeiras letras de cada verso das composições escolhidas formavam o nome completo do homenageado: Arlindo Domingo da Cruz Filho. Essa foi uma forma criativa e inteligente de homenagear o sambista, que se tornou um ícone do Carnaval e da cultura popular brasileira. Essa escolha mostra a preocupação da escola em apresentar um desfile coeso e bem pensado, com atenção aos detalhes e à tradição do samba.
Veja fotos do desfile
O sambista Arlindo Cruz, que hoje tem 64 anos e sofreu sequelas de um AVC em 2017, foi cercado por amigos e familiares no último carro do desfile do Império Serrano. Entre os presentes estavam nomes como Regina Casé, Marcelo D2 e Péricles. Atrás de Arlindo, uma enorme escultura do cantor sorrindo e segurando seu inseparável banjo foi apresentada na avenida, emocionando a plateia presente. Essa homenagem ao sambista foi um dos pontos altos do desfile do Império Serrano, que mostrou todo o seu respeito e admiração por uma das maiores personalidades do Carnaval brasileiro.