Na noite desta quarta-feira (9), o presidente conservador do Equador, Guillermo Lasso, emitiu uma declaração de estado de emergência de 60 dias no país, em resposta ao assassinato do candidato presidencial Fernando Villavicencio, de 59 anos. Além disso, foram decretados três dias de luto nacional em respeito ao ocorrido.
O assassinato do candidato presidencial, que ocorreu ao término de um evento de campanha, abalou profundamente a nação sul-americana, onde a crescente violência relacionada ao tráfico de drogas é uma grande preocupação para os eleitores.
Nas redes sociais, vídeos circulam mostrando Villavicencio cercado por seus apoiadores, sendo escoltado por seguranças até um veículo que o aguardava, quando os disparos foram ouvidos.
Fernando Villavicencio era conhecido por suas fortes críticas à corrupção e ao crime organizado. Como jornalista, ele expôs a administração do ex-presidente Rafael Correa (2007-2017). A morte de Villavicencio provocou indignação entre seus seguidores. O trágico evento ocorreu apenas 11 dias antes das eleições presidenciais.
Villavicencio havia sido condenado a 18 meses de prisão por difamação e críticas dirigidas ao ex-chefe de Estado. Ele buscou refúgio em uma região indígena no Equador e, mais tarde, obteve asilo no Peru, retornando posteriormente ao seu país após a saída de Correa do cargo. Devido a ameaças que enfrentava, ele se deslocava sob proteção policial.
Embora informações não oficiais indiquem a ocorrência de cerca de 30 tiros, com o candidato presidencial sendo atingido na cabeça, houve também o registro de outros nove feridos. As autoridades relatam que o suspeito do ataque também foi morto.
Feridos
Entre os nove feridos está uma candidata a deputada e dois agentes policiais, de acordo com informações do Ministério Público. Atualmente, equipes do Ministério Público e da polícia estão colhendo evidências no local do crime e também no centro médico para onde as vítimas foram levadas.
O ministro do Interior, Juan Zapata, assegurou que o ataque foi perpetrado por assassinos contratados, intensificando ainda mais a gravidade do ocorrido.
O atentado aconteceu após um comício liderado por Fernando Villavicencio em um coliseu situado em uma região central e movimentada da capital. Um atirador desconhecido abriu fogo contra o candidato à presidência, em um contexto de eleições gerais extraordinárias previstas para 20 de agosto.
O partido de Villavicencio, o Movimiento Construye, havia levantado discussões sobre a suspensão da campanha devido à escalada da violência política, que incluiu o assassinato em julho do presidente da Câmara de Manta. No entanto, Villavicencio se opôs a essa suspensão, caracterizando-a como um ato de covardia.
Na terça-feira anterior ao ataque, o candidato havia apresentado um relatório à Procuradoria-Geral da República relacionado a um negócio petrolífero. Detalhes específicos desse documento ainda não foram divulgados. Villavicencio detinha cerca de 7,5% de apoio nas pesquisas, colocando-o em quinto lugar entre oito candidatos.
Poucos dias antes de ser assassinado, ele mencionou em um programa de televisão pública que estava sob várias ameaças de morte, presumivelmente provenientes do líder de uma gangue chamado Choneros, conhecido como Fito, que o instava a parar de mencionar seu nome.
Além de Villavicencio, outros candidatos às eleições presidenciais incluem o ambientalista Yaku Pérez, a ex-deputada Luisa González, o especialista em segurança Jan Topic, o ex-vice-presidente Otto Sonnenholzner, o político Daniel Hervas, o empresário Daniel Noboa e o candidato independente Bolívar Armijos. O combate à criminalidade figura como uma das principais promessas dos candidatos que buscam suceder o presidente conservador Guillermo Lasso.
Após uma reunião do Gabinete de Segurança do Estado, Guillermo Lasso comunicou à nação que as eleições gerais extraordinárias, programadas para 20 de agosto, serão mantidas, mas que forças militares serão destacadas para garantir a segurança dos eleitores.