Para combater a distração dos alunos, a Escola Estadual de Educação Profissional Jaime Alencar de Oliveira, em Fortaleza, implementou estratégias como caixas para armazenar celulares e perda de pontos por uso indevido dos aparelhos. A iniciativa foi elogiada pelos estudantes, como Débora de Paula, do 1º ano, que valoriza o uso dos dispositivos para fins educativos, mas aprova a restrição para evitar distrações.
Débora explica que, em sua turma de produção audiovisual, a regra é retirar pontos dos alunos que usam o celular sem permissão, o que incentiva maior atenção durante as aulas. Esse controle é aplicado também na casa da estudante, onde ela estabeleceu um limite de uso de celular para si e seus pais.
Na área de eletromecânica, a abordagem envolve o recolhimento dos aparelhos ao início da aula, com permissão para uso apenas sob orientação do professor. Para Allan Sousa, do 2º ano, essa prática ajuda a evitar distrações durante as explicações.
Segundo o diretor da escola, Kamillo Silva, o objetivo é promover um uso equilibrado da tecnologia. “Queremos que os alunos usem a tecnologia de forma consciente, seja para resolver problemas práticos nas aulas ou para complementar o aprendizado”, afirmou.
Debates Globais e Propostas de Regulamentação no Brasil
A regulamentação do uso da tecnologia nas escolas foi tema das reuniões do G20 e da Reunião Global de Educação, organizadas pela Unesco em Fortaleza. O Relatório de Monitoramento Global da Educação (GEM) 2024 destacou o impacto desigual da tecnologia na educação, com muitos estudantes de países de baixa e média renda, como o Brasil, não conseguindo acompanhar as habilidades digitais mais avançadas. Manos Antoninis, diretor do relatório, apontou a correlação entre o uso indiscriminado da tecnologia e a queda no desempenho escolar em diversas nações.
No cenário legislativo brasileiro, a Comissão de Educação da Câmara dos Deputados aprovou um projeto de lei que proíbe o uso de celulares em escolas públicas e privadas, exceto para fins pedagógicos e de acessibilidade. Se aprovado, a nova norma exigirá que os dispositivos sejam utilizados apenas em atividades orientadas por professores nos anos finais do ensino fundamental e no ensino médio, com proibição total para os anos iniciais e a educação infantil.
Essas iniciativas buscam não apenas regulamentar, mas também transformar o uso da tecnologia nas escolas em um recurso positivo, promovendo foco e desempenho acadêmico com o uso responsável dos dispositivos.