Três escolas de samba do Rio de Janeiro apresentaram recursos à Liga Independente das Escolas de Samba do Grupo Especial (Liesa) para contestar penalidades recebidas na apuração do Carnaval 2025.
As agremiações que recorreram foram:
- Acadêmicos do Grande Rio (vice-campeã), que pede a revisão da nota da bateria;
- Unidos de Padre Miguel, rebaixada para a Série Ouro, que questiona inconsistências nas justificativas dos jurados;
- Unidos da Tijuca, que recebeu uma multa de R$ 80 mil por supostamente ultrapassar o tempo permitido para a retirada de suas alegorias.
A Liesa informou que seu departamento jurídico já tomou ciência dos recursos e os analisará de acordo com o regulamento, mas não divulgou detalhes sobre o processo nem um prazo para a decisão.
Os pedidos das escolas
A Unidos da Tijuca não busca melhorar sua classificação, mas contesta a multa recebida. A escola alega que retirou suas alegorias dentro do prazo, sem prejudicar a saída da Beija-Flor, que desfilou na mesma noite.
A Acadêmicos do Grande Rio, que perdeu o título por apenas um décimo, pede que o campeonato seja dividido com a Beija-Flor. O questionamento está no quesito Bateria, em que um dos jurados apontou “imprecisão com efeito de flam” e outro avaliou que “não houve projeção sonora” dos curimbós usados pela escola. Como a menor nota de cada quesito é descartada, a Grande Rio acabou ficando com um 9,9 válido, o que a tirou do primeiro lugar.
Já a Unidos de Padre Miguel, que recebeu a pior pontuação e foi rebaixada, identificou erros graves nas justificativas dos jurados. A escola afirma que foi punida por falhas técnicas no sistema de som, algo que foge de sua responsabilidade e não deveria ter impactado sua nota.
Polêmica com o uso de iorubá
Uma das penalizações à Unidos de Padre Miguel gerou indignação nas redes sociais. A jurada Ana Paula Fernandes, que avaliou o quesito samba-enredo, deu nota 9,7 à escola e retirou um décimo porque a letra teria “trechos de difícil entendimento devido ao excesso de termos em iorubá”.
O enredo da escola, “Egbé Iyá Nassô”, homenageou a princesa africana Iyá Nassô e os 200 anos da Casa Branca do Engenho Velho, um dos mais antigos templos afro-brasileiros em funcionamento.
O historiador e compositor Luiz Antônio Simas criticou a justificativa da jurada, lembrando que o iorubá é patrimônio imaterial do Rio de Janeiro desde 2018. Em um post compartilhado pela escola, ele questionou:
“Um enredo inspirado na cultura do candomblé não pode ter expressões ligadas ao candomblé? Elas são constituintes das falas brasileiras.”
Agora, as escolas aguardam o parecer da Liesa, que definirá se as penalidades serão mantidas ou revistas.