O falecimento da escritora Marina Colasanti, ocorrido nesta terça-feira (28), gerou comoção entre autoridades, escritores e a comunidade cultural brasileira. Reconhecida como uma das maiores vozes da literatura nacional contemporânea, Marina deixa um legado composto por mais de 70 obras que transitaram entre contos, crônicas, poesias e literatura infantojuvenil.
Em suas redes sociais, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lamentou a perda e ressaltou a importância da escritora para a cultura nacional. “Ela se consolidou como uma das mais importantes profissionais da literatura nacional contemporânea. Marina construiu uma obra literária que cativou diferentes gerações de brasileiros de todas as idades”, declarou.
O Ministério da Cultura também divulgou uma nota de pesar, enfatizando a sensibilidade e a inovação presentes na trajetória da autora. “Além de escritora consagrada, Marina atuou como jornalista em veículos como Jornal do Brasil e Editora Abril, sendo referência em crônicas e textos que abordaram temas como arte, cidadania, feminismo e amor. Sua arte como ilustradora ampliou a beleza de suas narrativas, tornando-as ainda mais impactantes.”
Homenagens de escritores e personalidades
Diversos escritores expressaram sua tristeza e homenagearam Marina Colasanti. A acadêmica Ana Maria Machado destacou a coragem e o pioneirismo da autora. “Além de muito talentosa e educada, Marina foi uma pessoa de rara coragem existencial. Todas as mulheres brasileiras devemos muito a ela, pelo papel pioneiro que desempenhou no jornalismo, pelo exemplo de vida e pela qualidade única de suas obras.”
Outra imortal da Academia Brasileira de Letras, Rosiska Darcy, exaltou a multifacetada trajetória da escritora. “Marina foi uma das maiores escritoras da língua portuguesa. Não era só escritora: era ilustradora dos próprios livros, pintora, senhora das peças e das cores, como era das palavras. Uma mulher corajosa que inspirou jovens e amigas, como eu.”
O escritor português Valter Hugo Mãe também prestou tributo à autora em suas redes sociais, descrevendo-a como um símbolo de beleza e sensibilidade. “Marina ensinou a beleza mais sincera. Uma grandeza humana que fazia com que todos em redor tremessem de ternura. Tão triste a notícia de sua partida. Muito obrigado por tudo, querida Marina.”
Trajetória de uma pioneira
Nascida em Asmara, atual capital da Eritreia, Marina Colasanti chegou ao Brasil na década de 1940 junto com a família. Ao longo de seus 87 anos, construiu uma carreira marcada por prêmios, inovação e abrangência artística. Além de escritora e jornalista, Marina também foi apresentadora de televisão, tradutora e ilustradora de suas próprias obras.
Seus trabalhos foram amplamente reconhecidos por sua profundidade e sensibilidade, cativando leitores de diferentes gerações. Entre seus temas centrais, destacam-se o amor, o feminismo, as relações humanas e a arte.
O velório da escritora será realizado nesta quarta-feira (29), no salão nobre da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro. A cerimônia será restrita a familiares e amigos, marcando um momento de despedida à altura de uma das maiores figuras da literatura brasileira.