Durante o painel “Obras globais e talentos locais – o olhar de executivos criativos para a América Latina”, realizado na tarde desta quinta-feira (13) no Rio2C, os executivos afirmaram que a língua portuguesa não é uma barreira para a produção de potenciais hits globais no setor audiovisual brasileiro.
De acordo com os profissionais, as histórias autênticas têm a capacidade de superar as diferenças culturais e conquistar um público internacional. Eles destacaram que a autenticidade é um fator determinante para o sucesso de uma produção local no mercado global, independentemente do idioma em que é produzida.
Os executivos também ressaltaram a importância da colaboração e da troca de experiências entre os profissionais da América Latina, enfatizando que essa colaboração pode resultar em produções ainda mais ricas e atraentes para o público em geral.
Por fim, os participantes do painel destacaram que a produção audiovisual brasileira tem um grande potencial para se tornar uma referência global e que é importante valorizar os talentos locais para alcançar esse objetivo.
“Eu tenho uma sobrinha de 13 anos que vive em Oakland, na Califórnia, que é obcecada com os romances coreanos. Quando ela não está assistindo a essas histórias, está vendo animes japoneses. Ela até está aprendendo japonês por conta disso. Histórias permitem que você enxergue aspectos sobre você sob a lente de outra pessoa”, afirmou a vice-presidente executiva de produções internacionais da Paramount Pictures, Syrinthia Studer.
O vice-presidente sênior da Gaumont, Christian Gabela, destacou a experiência bem-sucedida de Narcos como exemplo. A série foi filmada na Colômbia e contou com profissionais de diferentes nacionalidades, incluindo os brasileiros José Padilha na direção e Wagner Moura no papel do traficante Pablo Escobar.
“Narcos foi um dos primeiros sucessos bilíngues em todo o mundo. Sentimos que era uma grande oportunidade para nós trabalhar com grandes talentos e dar a eles a oportunidade de fazerem séries globais. Temos exemplos como Round 6 e Lupin, que fizeram conteúdos locais viajarem pelo mundo todo”, disse.
De acordo com David Levine, diretor-chefe de criação da Anonymous Content, a língua usada em uma produção estrangeira pode ser bastante convidativa para compreender um mundo diferente, que de outra forma talvez nunca teríamos a oportunidade de conhecer.
“Quando você faz algumas das séries em que trabalhei, como Game of Thrones, Westworld e True Detective, elas não fizeram sucesso porque são faladas em inglês. É porque os temas e as emoções permitem a identificação”, analisou.
Levine expressou também um grande orgulho em relação à equipe que está prestes a iniciar o trabalho na sala de roteiro de uma nova produção brasileira.
“É uma coleção de pequenas histórias, que falam muito sobre o Rio, a experiência de crescer e viver nessa cidade. Mas alguém em Bangkok, Jacarta ou Cidade do México também poderia se identificar. As pessoas aprendem a falar dothraki, klingon… Qualquer idioma pode ser aprendido”, comentou, com bom bumor, citando línguas fictícias de Game of Thrones e Star Trek, respectivamente.