O Museu de Arte de São Paulo (Masp) apresenta, até 13 de abril, a exposição Histórias LGBTQIA+, uma celebração das múltiplas vivências, desafios e conquistas dessa comunidade ao longo do tempo. Com cerca de 150 obras de artistas de diferentes países e uma ampla gama de materiais, como fotografias, recortes de jornais e instalações, a mostra explora as dimensões públicas e privadas dos corpos dissidentes e suas lutas.
Narrativas de resistência e diversidade

Organizada em oito núcleos temáticos — Amor e desejo, Ícones e musas, Espaços e territórios, Ecossexualidades e fantasias transcendentais, Sagrado e profano, Abstrações, Arquivos e Biblioteca Cuir —, a exposição reflete sobre as diversas realidades da comunidade LGBTQIA+. Entre os destaques estão obras que dialogam com questões contemporâneas, como a inclusão e os direitos das pessoas trans, e registros históricos de exclusão e resistência.
A curadoria propõe uma abordagem abrangente, incluindo momentos de dor e celebração. Homenagens a militantes assassinados, como a artista lésbica chilena Mónica Briones Puccio, executada em 1984, contrastam com representações de práticas culturais e cotidianas, como o “banheirão”, espaço de encontros gays em banheiros públicos.
Arte e tecnologia como ferramentas de expressão
Entre as obras, chama a atenção o trabalho de Mayara Ferrão, que utiliza inteligência artificial para criar narrativas sobre lésbicas negras. Outras peças trazem técnicas tradicionais, como esculturas em madeira e desenhos digitais, explorando temas como exposição corporal e resistência.
Debate e confronto dentro da comunidade

A exposição também aborda tensões internas da comunidade LGBTQIA+, como as divergências com feministas radicais que rejeitam a inclusão de mulheres trans e travestis. O ensaio fotográfico de Angela Jimenez, por exemplo, documenta o Michigan Womyn’s Music Festival, palco de debates acirrados sobre inclusão, que levou ao encerramento do evento em 2015.
O Brasil como protagonista
O Brasil ocupa lugar central na mostra, com menções a eventos e instituições que promovem a diversidade, como a Parada LGBTQIA+ de São Paulo, considerada a maior do mundo, e o Museu Transgênero de História e Arte (MUTHA). Ao mesmo tempo, o país também é destacado como aquele que mais registra assassinatos de pessoas trans e travestis, evidenciando o contraste entre avanços e desafios.
Reflexão e memória
Iniciativas internacionais, como o projeto Takweer, que preserva histórias queer árabes, também estão presentes, ampliando o alcance da exposição. A mostra reafirma o papel do museu como espaço de reflexão e de construção de memórias, conectando-se às mobilizações sociais e à luta contínua por direitos e reconhecimento.
Histórias LGBTQIA+ convida o público a mergulhar em um universo repleto de narrativas potentes, reafirmando a importância da arte como ferramenta de transformação social.
Serviço
Exposição Histórias LGBTQIA+
De 13 de dezembro de 2024 a 13 de abril de 2025
Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp)
Avenida Paulista, 1578 – Bela Vista | São Paulo
1º andar, mezanino e 2º subsolo
Horários: terças grátis e primeira quinta-feira do mês grátis; terças, das 10h às 20h (entrada até as 19h); quarta a domingo, das 10h às 18h (entrada até as 17h); fechado às segundas.
Agendamento online obrigatório no site masp.org.br/ingressos
Ingressos: R$ 70 (entrada); R$ 35 (meia-entrada)
Todas as exposições temporárias do Masp têm recursos de acessibilidade, com entrada gratuita para pessoas com deficiência e seu acompanhante. São oferecidas visitas em libras ou descritivas, além de textos e legendas em fonte ampliada e produções audiovisuais em linguagem fácil – com narração, legendagem e interpretação em libras que descrevem e comentam os espaços e as obras.
Telefone: (11) 3149-5959