O presidente Luiz Inácio Lula da Silva elogiou as reuniões entre líderes latino-americanos e europeus durante a 3ª Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) e da União Europeia (UE) em Bruxelas, na Bélgica, descrevendo-as como “extremamente bem-sucedidas”.
Lula destacou o interesse sem precedentes da União Europeia em estabelecer parcerias com os países da América Latina, afirmando que esta foi a cúpula mais bem-sucedida que já participou com a UE. Ele ressaltou o fato de que a participação de 60 países evidenciou claramente o interesse da Europa em direcionar sua atenção para a América Latina. Lula mencionou várias possíveis razões para esse interesse, incluindo a disputa entre Estados Unidos e China, os investimentos chineses na África e na América Latina, a Nova Rota da Seda e os acontecimentos na Rússia e Ucrânia.
O presidente brasileiro enfatizou que a UE demonstrou grande interesse em investir, anunciando €45 bilhões em investimentos no continente. Além disso, ele mencionou que a UE reafirmou seu compromisso em financiar US$100 bilhões para combater o desmatamento nas florestas, o que ele considerou um fato concreto.
Lula ressaltou que essas conversas deixaram claro que o Brasil está retomando seu papel de protagonista e que o país está em um momento diferente, especialmente quando se trata de questões como bioeconomia e transição energética. Ele afirmou que o Brasil é altamente valorizado e levado a sério nesses assuntos e que não deve desperdiçar essa oportunidade.
Sobre o Mercosul, Lula mencionou o interesse do bloco em um eventual processo de reindustrialização, mas destacou que há uma exigência de se tornarem exportadores de manufaturados e produtos com maior valor agregado, a fim de gerar mais empregos qualificados. Ele mencionou a importância das compras governamentais nesse processo, citando o exemplo dos EUA e países europeus, e defendeu a aplicação desse conceito também na indústria da saúde, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).
Lula criticou as condições impostas pela UE para uma aproximação com o Mercosul, mencionando uma carta adicional agressiva apresentada pela UE na Cúpula para o Novo Pacto Financeiro Global em Paris, na França. Ele afirmou que o Brasil preparou uma resposta que será discutida com os outros países do bloco sul-americano e expressou confiança de que a UE concordará com essa resposta. Lula enfatizou o compromisso do Brasil com a energia limpa e a preservação ambiental, cobrando que as outras partes cumpram o compromisso de doar os US$100 bilhões para a manutenção das florestas.