Um dos garimpeiros que foram mortos por agentes de segurança na Terra Indígena Yanomami, em Roraima, no último domingo (30), era membro de uma organização criminosa com atuação em todo o país. As autoridades federais agora estão concentrando esforços de inteligência na região para investigar essa linha de suspeita. O presidente do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Rodrigo Agostinho, revelou essa informação em uma entrevista à imprensa em Boa Vista na noite de segunda-feira (1º).
“Nosso serviço de inteligência tem encontrado indícios muito fortes de que alguns pontos de garimpo são mantidos com o apoio de organizações criminosas. Isso está sendo investigado. Uma das pessoas que morreu na operação de domingo [30] tinha envolvimento muito forte com uma das organizações criminosas”, disse Agostinho.
Para monitorar a situação na Terra Indígena Yanomami em Roraima após o ataque que resultou na morte de um indígena e ferimento de dois no último sábado (29), o presidente do Ibama participou de uma comitiva do governo federal que esteve na região. Durante entrevista à imprensa na noite de segunda-feira (1), Rodrigo Agostinho revelou que um dos quatro garimpeiros mortos no confronto com agentes de segurança no domingo (30) era membro de uma facção criminosa com atuação nacional, e que essa linha de investigação está entre as ações de inteligência do governo federal na região.
Durante uma operação de combate ao garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami, em Roraima, quatro garimpeiros foram mortos em um confronto com agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e do Ibama. De acordo com o presidente do Ibama, um dos mortos era integrante de uma facção criminosa nacionalmente ativa, o PCC. No local do confronto, as autoridades apreenderam um grande arsenal de armas, incluindo fuzil, pistolas, espingardas, munição e outros equipamentos bélicos. A operação foi realizada um dia após um ataque que deixou um indígena morto e dois feridos na mesma região.
Lavagem e capitalização
Segundo o presidente do Ibama, a atuação de facções criminosas é cada vez mais comum em atividades extrativistas ilegais, como o garimpo, a grilagem de terras e o comércio clandestino de madeira.
“A gente tem percebido que essas atividades passaram a exercer uma atração de facções criminosas. Elas servem, ao mesmo tempo, como forma de lavagem de dinheiro, por meio do garimpo ilegal, por exemplo, mas também como fonte de capitalização desses grupos, já que o tráfico internacional de drogas demanda grande investimento de operação”, explicou Rodrigo Agostinho.
Balanço
O Ibama informou que, desde o início da operação, há cerca de três meses, foram destruídos 327 acampamentos de garimpeiros, 18 aviões, dois helicópteros, centenas de motores e dezenas de balsas, barcos e tratores. Também foram apreendidas 36 toneladas de cassiterita, 26 mil litros de combustível, além de equipamentos usados por criminosos.