O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, solicitou uma investigação da Polícia Civil para apurar um possível excesso de força da Polícia Militar (PM) durante uma operação que resultou na morte de 12 suspeitos de integrar uma facção criminosa, no bairro Fazenda Coutos, subúrbio de Salvador, na última terça-feira (4).
Durante uma transmissão ao vivo sobre o balanço do Carnaval na Bahia, Rodrigues afirmou que o governo estadual busca entender se houve algum abuso por parte dos agentes.
“Nós pedimos que todo o estudo seja feito para averiguar se houve algum exagero pela polícia”, declarou o governador.
Operação e confrontos armados
A ação da Polícia Militar foi desencadeada após denúncias de uma invasão promovida por um grupo armado na região. Segundo Rodrigues, a inteligência da PM identificou que duas facções criminosas disputavam território na comunidade.
“Uma delas se colocou como vencedora, ganhou espaço e queria mandar, proibindo as pessoas de circularem. A Polícia Militar estudou a área, mas os criminosos enfrentaram a polícia, e, por conta disso, 12 tombaram”, explicou o governador.
Ministério Público e investigação
Diante da gravidade do caso, o Ministério Público da Bahia (MP-BA) instaurou um procedimento investigativo para apurar a atuação da Polícia Militar na chacina. O caso será analisado pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e pelo Grupo de Atuação Especial Operacional de Segurança Pública (Geosp).
O procurador-geral de Justiça da Bahia, Pedro Maia, afirmou que o MP está acompanhando o caso de perto e garantindo que as investigações ocorram com transparência.
“Estamos em interlocução direta com as autoridades policiais e forças de segurança, acompanhando todos os passos da investigação, principalmente das perícias”, destacou Maia.
Críticas e debate sobre segurança pública
Após o episódio, o Instituto Fogo Cruzado defendeu a revisão da política de segurança pública na Bahia. Dados do instituto revelam que esta foi a 100ª chacina registrada em Salvador e na Região Metropolitana desde julho de 2022. Do total, 67% das chacinas envolveram ação policial, resultando na morte de 261 pessoas.
Para a coordenadora regional do Instituto Fogo Cruzado na Bahia, Tailane Muniz, o alto número de mortes indica que a atual política de segurança está priorizando o confronto ao invés da proteção da população.
“Quando 12 pessoas morrem numa ação policial, fica claro que a prioridade é o confronto e não a proteção. Os moradores enfrentaram mais de sete horas de intenso tiroteio, o transporte público foi suspenso, e a pergunta que fica é: o que vai mudar depois de tantas mortes?”, questionou Muniz.
A chacina reacende o debate sobre o uso da força policial e a necessidade de estratégias mais eficazes para combater a criminalidade, garantindo a segurança da população sem excessos por parte do Estado.