Em coletiva de imprensa realizada em Brasília nesta segunda-feira (20), o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, anunciou que o governo federal pretende realizar operações de desintrusão em seis terras indígenas ao longo deste ano, seguindo o exemplo da retirada de garimpeiros na área yanomami em Roraima. A desintrusão é o processo de remoção de ocupantes não indígenas de áreas legalmente demarcadas como terras indígenas.
“Encerrada a Operação Yanomami, vamos dar continuidade às operações de desintrusão. Temos mais seis desintrusões para realizar ao longo deste ano”, anunciou o ministro. De acordo com o ministro Flávio Dino, as próximas operações de desintrusão em terras indígenas devem ocorrer em seis áreas prioritárias, localizadas em estados da Amazônia Legal: Karipuna e Uru-Eu-Wau-Wau, em Rondônia; Kayapó, Mundurucu e Trincheira Bacajá, no Pará; e Arariboia, no Maranhão.
O objetivo do governo é remover ocupantes não originários dessas áreas, assim como ocorreu na Terra Indígena Yanomami, em Roraima, onde a operação deve durar até abril. O ministro admitiu, no entanto, que ainda há presença residual de garimpeiros na região. “É uma presença muito pequena, tendente a zero.” Segundo o ministro, uma das dificuldades na área tem sido o apoio que invasores recebem dos próprios indígenas. “Ainda temos a presença de garimpeiros e temos ainda, infelizmente, uma situação em que, por vezes, indígenas defendem a presença de garimpeiros, reagem à presença das forças de segurança”, afirmou.
Durante o balanço apresentado à imprensa em Brasília, Flávio Dino destacou as ações realizadas pelas forças de segurança na Terra Indígena Yanomami, incluindo a destruição de 70 balsas e 140 aeronaves, embarcações e motores. Além disso, foram cumpridos 28 mandados de busca e apreensão na área criminal, bloqueados R$ 68 milhões e abertos 49 procedimentos administrativos. As ações resultaram em 20 prisões em flagrante e duas preventivas.
“Nossa visão é que, no mês de abril, essa desintrusão seja concluída. No dia 6 de abril, haverá retomada do controle do espaço aéreo”, disse o ministro da Justiça. Ele informou que a Força Nacional de Segurança permanecerá na área yanomami ao longo dos próximos meses, mesmo após a retirada dos invasores.
O Ministério da Justiça anunciou a entrega de uma base fluvial da Polícia Federal nos próximos dias na região do Vale do Javari, no Amazonas. A área é conhecida por abrigar a maior concentração de indígenas isolados do país. A base, que tem capacidade para 200 pessoas, foi recuperada e será utilizada no patrulhamento dos rios da região. A construção da base tem como objetivo reforçar a segurança na região, que foi palco do assassinato do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira em junho do ano passado.