A 10ª edição do Festival Terra do Rap está de volta ao Rio de Janeiro com diversas atrações e atividades gratuitas. Comemorando 12 anos de resistência como o único festival de intercâmbio entre artistas urbanos de países de língua portuguesa, a iniciativa que já passou por São Paulo e Lisboa (Portugal), tem como propósito acelerar carreiras de potenciais talentos e transformar suas vidas através da música. Com shows, batalhas de MCs e pela primeira vez uma rodada de negócios com a participação de profissionais do deste mercado, com foco em novos nomes da cultura urbana, o evento acontece nos dias 15 e 16 de fevereiro na Arena Carioca Jovelina Pérola Negra, na Pavuna, Zona Norte do Rio de Janeiro. Um transfer gratuito estará à disposição do público para o deslocamento da estação do metrô para a arena.

Em 2025, o festival celebra os 50 Anos da Independência de Países Africanos e faz uma homenagem ao rapper Dexter por sua trajetória artística e representatividade no movimento hip-hop. O artista faz o show de encerramento do evento no domingo (16). Em outras edições, foram homenageados nomes como Afrika Bambaataa (considerado o pai do hip-hop) e a cantora e ativista cultural Nega Gizza.
No sábado (15), se apresentam a cantora Bia Ferreira, a luso-cabo-verdiana Mynda Guevara, o músico e produtor de origem angolana e portuguesa Tristany Mundu e o beatmaker Detona Cry, cria do Complexo da Maré. No domingo (16), o moçambicano Khronic lança uma música inédita com Dexter e Vinicius Terra & Banda no palco, além de shows da carioca Lis MC, de Kalebe & Banda, DJ Machintal e os vencedores da Batalha do Rap.
Idealizado por Vinicius Terra, rapper e ativista cultural da Pavuna, o Terra do Rap é uma iniciativa da REPProdutora, empresa sediada na Zona Norte do Rio, que atua na promoção da cultura e dos artistas locais. Em sua história, passaram grandes nomes da cena urbana brasileira como BK, Luccas Carlos, Sain, Juju Rude, Don-L, Kaê Guajajara e também internacionais como Capicua, Eva RapDiva, Sam The Kid, Allen Halloween, MCK entre muitos outros. O projeto é contemplado pelo edital Pró-Carioca Linguagens, da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, através da Secretaria Municipal de Cultura, que conta com recursos da Política Nacional Aldir Blanc, distribuídos pelo Ministério da Cultura. Também conta com apoio do programa de fomento cultural Ibermúsicas, e dividido em três etapas: Imersão, Mentoria e Festival Terra do Rap.
Entrevista Vinicius Terra

Quando começou a trabalhar com artistas lusófonos? De onde veio essa paixão pela língua portuguesa e suas origens?
VINICIUS TERRA: Comecei em 2008, quando estava a morar em Portugal, num programa de especialização, na Universidade do Porto. Além de rapper, sou professor de Literatura (já não leciono em escolas regulares há 12 anos). A Terra do Rap nasceu daí: de uma tese de mestrado não concluída, mas transformada em Festival onde o Brasil se torna território anfitrião dos países de mesmo idioma.
Qual a missão do projeto Terra do Rap?
VINICIUS TERRA: A música é uma das formas mais ricas e universais de arte, que pode aproximar, integrar e dialogar com diferentes públicos e contextos. O projeto Terra do Rap tem como missão fortalecer e investir na cultura hip-hop no Brasil. Queremos cada vez mais abrir espaço e oportunidades para a reunião de artistas lusófonos, periféricos e regionais, levantar debates sobre a cena urbana, descobrir potenciais talentos e transformar suas vidas através da música, e assim poder viabilizar a geração de renda para os profissionais da área.
O que te move neste trabalho de ativista cultural e idealizador de eventos?
VINICIUS TERRA: Faço rap há mais de 20 anos, fui professor por uma década. O que me move é pensar no futuro da Língua Portuguesa a partir do Brasil. Somos o maior número de falantes deste idioma. Até 2050 seremos a quarta língua mais falada no mundo, muito se deve ao nosso país e aos países de África Lusófona. Conectar estes territórios é também entender um pouco de nossa própria nação (onde mais de 50% são de descendência africana). Realizar estes movimentos (mais do que eventos, seja o “Terra do Rap” ou o “Meu Bairro, Minha Língua”) é investigar aquilo que se perdeu na travessia do Atlântico e nos transformou brasileiros. É dar ao Rio de Janeiro a dignidade de ser uma cidade mais do que maravilhosa, mas de um ambiente de equidade. Assim seja!
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Serviço
Terra do Rap – Festival de Cultura Urbana da Língua Portuguesa
Local: Arena Carioca Jovelina Pérola Negra
Endereço: Pavuna, Zona Norte do Rio de Janeiro-RJ
Datas: 15 e 16 de fevereiro (Sábado e domingo)
Horário: a partir de 12h
Classificação: 16 anos
Evento gratuito