Na manhã desta terça-feira (28), servidores do transporte público em São Paulo paralisaram as atividades em uma greve contra as privatizações de empresas e órgãos do serviço público estadual. A mobilização impactou significativamente a operação da linha 15 do metrô e da linha 10 do trem, com mais três linhas do metrô e quatro linhas ferroviárias funcionando parcialmente. Professores estaduais e trabalhadores da Fundação Casa também se uniram ao movimento.
No metrô, a linha 1 opera da estação Tiradentes à Ana Rosa, conectando o centro à zona sul; a linha verde vai do Alto do Ipiranga a Clínicas, ligando a zona leste à zona oeste; e a linha 3, da estação Bresser a Santa Cecília, percorre a zona leste até o centro da capital.
Na Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), os intervalos entre as composições estão ampliados, afetando a linha 7, que vai da Luz, no centro, a Caieiras, na Grande São Paulo; a linha 11, da estação Luz a Guaianases, na zona leste; e as linhas 12 e 13, que funcionam integralmente com intervalos de 8 e 30 minutos, respectivamente.
O governo estadual destacou que as equipes das empresas afetadas estão monitorando a adesão à greve desde as primeiras horas da manhã e implementando medidas de contingência para minimizar os impactos. No entanto, as linhas de transporte metropolitano concedidas à iniciativa privada (linhas 4 e 5 do metrô e 8 e 9 de trens metropolitanos) operam normalmente.
Os planos de privatização do governo de Tarcísio de Freitas envolvem a Companhia de Saneamento do Estado de São Paulo (Sabesp), a Fundação Casa e a Linha 7 da CPTM. Na área da educação, o pedido é para que o governo reveja a proposta que altera a Constituição paulista, reduzindo de 30% para 25% o percentual mínimo de investimento no setor, o que implicaria em um corte de R$ 10 bilhões no orçamento anual.
A greve, considerada “abusiva e política” pelo governo, é vista como contrária às normas constitucionais, deixando milhões de passageiros sem acesso ao transporte sobre trilhos e causando perdas significativas ao comércio. A administração estadual argumenta que os processos de privatização foram legitimados nas urnas e estão sendo discutidos nos espaços apropriados, e classifica a greve como uma afronta ao direito à greve e aos interesses políticos e corporativos.
Uma liminar concedida pelo desembargador Marcelo Freire Gonçalves determinou que os trabalhadores da Companhia do Metrô mantenham 80% do efetivo em atividade nos horários de pico, sob pena de multa diária de R$ 700 mil. Para a CPTM, a operação deve ser de 85% nos horários de pico e 60% nos demais intervalos, com multa diária de R$ 600 mil. A Sabesp também foi alvo de determinações judiciais para manter 70% do contingente ligado aos serviços essenciais.
O governo de São Paulo decretou ponto facultativo para minimizar os impactos da greve, afetando o expediente em serviços públicos estaduais da capital. Alguns serviços, como segurança pública, restaurantes e postos móveis do Bom Prato, não serão afetados. A prefeitura suspendeu o expediente, o rodízio municipal de veículos e implementou uma operação especial no transporte público por ônibus. A greve é a terceira realizada em 2023 para pressionar o governo contra as privatizações.