Após sucessivos recordes de alta do dólar, que chegou a R$ 6,20 nesta quarta-feira (18), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, expressou confiança na estabilização da moeda norte-americana. Apesar de considerar possível um ataque especulativo no mercado, Haddad ressaltou que o Brasil mantém um câmbio flutuante e que os fundamentos econômicos apontam para a acomodação da cotação.
“O câmbio é flutuante e, nesse momento de incerteza, oscila. Mas acredito que irá se estabilizar em breve”, disse o ministro antes de uma reunião com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. Haddad também destacou que as principais instituições financeiras têm perspectivas mais otimistas do que os operadores de mercado.
Medidas para conter oscilações
O Banco Central tem intervindo no mercado, vendendo dólares para conter a alta, enquanto o Tesouro Nacional substituiu os leilões tradicionais de títulos por operações de troca e recompra até o final da semana. Haddad reconheceu que rumores de especulação são consistentes, mas prefere focar nos fundamentos econômicos: “Esses movimentos especulativos são contidos por intervenções coordenadas do Tesouro e do Banco Central.”
Pacote fiscal e votação no Congresso
Durante a reunião com Pacheco, Haddad reforçou a importância da aprovação do pacote fiscal no Senado até sexta-feira (20) para viabilizar a votação do Orçamento de 2025. Entre as medidas, estão a revisão das regras de reajuste do salário mínimo, com aumento real previsto entre 0,6% e 2,5% ao ano, e a contenção de benefícios tributários em caso de déficit primário.
“Estamos confiantes de que as propostas serão aprovadas com poucas alterações. As desidratações têm sido de pequena monta, e a base fiscal que projetamos será mantida”, afirmou o ministro.
Haddad não descartou a necessidade de novos ajustes fiscais em 2025, especialmente dependendo do desfecho de uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a compensação financeira das desonerações da folha de pagamento. Caso o STF decida que o repasse de R$ 8,7 bilhões esquecidos no sistema financeiro ao Tesouro Nacional é irregular, o governo precisará criar novas medidas para cobrir o impacto da prorrogação da desoneração até 2027.
Reforma tributária e cenário econômico
Outro tema abordado foi a regulamentação da reforma tributária do consumo, aprovada pelo Congresso. Para Haddad, o novo sistema representa um marco histórico que contribuirá para o crescimento sustentável da economia brasileira.
“Enquanto lidamos com questões urgentes como o dólar e os juros, também trabalhamos em medidas estruturais que garantirão um futuro econômico mais estável e promissor. Se concluirmos o ano com a aprovação das medidas fiscais, teremos uma agenda positiva consolidada”, concluiu.
A aprovação do pacote fiscal e a estabilização do câmbio são vistas como cruciais para fechar o ano de 2024 com avanços concretos e estabelecer as bases para um 2025 mais equilibrado economicamente.