Ativistas defendem que o trabalho político inspirado por Marielle Franco continua, apesar dos riscos associados, após revelações recentes no caso Marielle. Mulheres negras e oriundas de regiões periféricas consideram que sua atuação política representa um desafio, devido à resistência à conexão entre crimes e agentes do Estado. Figuras vistas como “herdeiras” das causas defendidas pela vereadora assassinada há seis anos esperam que o desdobramento do caso proporcione uma oportunidade para erradicar a violência política no país.
A Operação Murder Inc., realizada na manhã de domingo (24) e que resultou em três prisões preventivas e 12 mandados de busca e apreensão no Rio de Janeiro, emite um sinal de esperança para aqueles que clamam por justiça no caso Marielle Franco. Os presos incluem Domingos Brazão, atual conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE) do Rio de Janeiro, o deputado federal Chiquinho Brazão, e o delegado Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil do RJ, todos supostamente envolvidos no assassinato da vereadora e de seu motorista, Anderson Gomes.
Essas prisões apontam para a urgência de enfrentar o poder das milícias no Rio de Janeiro, como enfatizou a deputada federal Talíria Petrone (Psol-RJ), amiga e companheira de militância de Marielle. Ela ressaltou que em muitos estados, especialmente no Rio de Janeiro, o crime e a política estão entrelaçados, representando uma ameaça à democracia e aos defensores dos direitos humanos.
No entanto, o engajamento político em prol dessas causas enfrenta desafios significativos, como destacou a deputada estadual Renata Souza (Psol-RJ), que atuava como chefe de gabinete de Marielle na Câmara Municipal do Rio de Janeiro. Ela salientou que a violência política no Rio de Janeiro, composta por crime, polícia e política, é uma realidade brutal que ameaça a vida de ativistas e representantes políticos que enfrentam esse sistema corrupto.
Apesar das adversidades, o Instituto Marielle Franco continua sua luta por justiça e mantém vivo o legado da vereadora assassinada. A diretora executiva do instituto, Lígia Batista, enfatizou a importância de questionar a relação entre polícia e política no Brasil e pediu uma condenação dos envolvidos no assassinato de Marielle como um sinal claro de que a violência política não será tolerada.
O caso Marielle Franco destaca a necessidade urgente de reformas estruturais no sistema político e de segurança pública do Brasil, para que figuras como Marielle, que dedicaram suas vidas à luta pelos direitos humanos, não sejam silenciadas pela violência política.