O indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e outras 36 pessoas, por suposta participação em um plano para a tentativa de golpe de Estado, tem provocado repercussões intensas no meio político e entre autoridades. A Polícia Federal (PF) enviou nesta quinta-feira (21) um relatório ao Supremo Tribunal Federal (STF) detalhando as acusações, que incluem abolição violenta do Estado Democrático de Direito, organização criminosa e até conspiração para assassinatos.
Reações divergentes
O advogado-geral da União, Jorge Messias, destacou a importância do processo para proteger a democracia brasileira:
“O indiciamento oferece ao país a possibilidade de concretizar uma reação eficaz aos ataques à nossa democracia, conquista valiosa e indelével do povo brasileiro.”
Por outro lado, aliados de Bolsonaro, como o senador Rogério Marinho (PL-RN), criticaram o que chamaram de “perseguição política” e questionaram a imparcialidade das investigações:
“Esperamos que a Procuradoria-Geral da República analise com serenidade e independência, afastando-se de ilações e narrativas políticas.”
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, defendeu punições severas aos acusados:
“Prisão é o que merecem! Sem anistia!”
Detalhes da investigação
Entre os indiciados estão figuras de destaque do governo Bolsonaro, como os ex-ministros Anderson Torres, Augusto Heleno e Braga Netto, além do ex-comandante da Marinha, Almir Garnier Santos, e do deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ). Segundo a PF, Bolsonaro teria comandado uma organização que planejara atos para subverter a ordem democrática, incluindo um plano para assassinar o presidente Lula e outras autoridades.
Durante um evento no Palácio do Planalto, o presidente Lula comentou as revelações, ressaltando sua gratidão por estar vivo:
“A tentativa de me envenenar e a Alckmin não deu certo. Nós estamos aqui.”
Próximos passos
O relatório da PF, com cerca de 800 páginas, será analisado pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que decidirá se oferece denúncia formal contra os indiciados ou solicita novas apurações. Bolsonaro, por sua vez, afirmou em uma rede social que aguardará as orientações de sua defesa para determinar os próximos passos.
Enquanto a investigação avança, o caso evidencia as profundas divisões políticas no Brasil e a relevância da responsabilização de figuras públicas para o fortalecimento das instituições democráticas.