O legado de um dos maiores artistas circenses brasileiros, primeiro palhaço negro conhecido no Brasil entra em cena através da Inepta Cia., idealizadora do espetáculo “Benjamim, te sigo Daqui!”, que reflete com sensibilidade e versatilidade o talento de Benjamim de Oliveira, nascido em Pará de Minas e, que aos 12 anos de idade, fez do circo sua caminhada. A peça, que ganhou o Prêmio FUNARJ Montagem Teatral, tem a supervisão cênica de Tatiana Henrique, acontece de 31 de março a 3 de abril, de quinta a sábado às 20h e domingo às 19h, no Teatro Gláucio Gill, no Rio de Janeiro.
No palco, de forma lúdica e bem humorada, apresenta múltiplas linguagens artísticas e traz um diálogo entre a trajetória da Inepta Cia. – que surgiu se apresentando nos trens do ramal Gramacho – com os caminhos e vivências do menino Beijo, conhecido também por popularizar o circo-teatro no Brasil. “Mais do que valorizar esse grande nome da teatralidade circense brasileira afro-diaspórica, este projeto tem como objetivo provocar o público a reconhecer o legado deste grande empresário, compositor, dramaturgo, encenador, ator, músico, produtor cultural e palhaço do século XX”, ressaltou Junior Melo, proponente e ator do projeto.
Segundo Junior, assim como Benjamim, outros grandes artistas negros brasileiros precisam ser pesquisados. “É através dessa disputa de narrativas que nós podemos sonhar com uma memória crítica, que possa auxiliar na construção de políticas públicas e avanços para a população que constitui a maior parte deste país”, salienta.
Além da palhaçaria, Benjamim de Oliveira criava e reunia musicalidade e textos em cena, prendendo ainda mais a atenção de quem o assistia. Não sendo diferente no que depender do elenco potente do espetáculo, que também é uma saudação da Inepta Cia. ao artista. “Essa peça é nossa piada mais alegre e a poesia mais íntima dedicada ao menino de Pará de Minas. Aquele que nos ensinou que o melhor destino é a busca”, pontuou o ator Cássio Duque.
De acordo com a supervisora da encenação Tatiana Henrique, rememorar a vida de Benjamim é construir sua presença perene como exemplo do artista que é possível ser. “Personagens pretas e o tempo?! Como nos relacionamos com essas dimensões? Benjamim nos convoca a repensar sobre “efemérides” e “efemeridade”: o quanto nossas referências pretas são evocadas apenas nos anos 0 ou 5. Ou bem acordamos para as espirais que nos habitam ou continuamos a pensar o tempo linear ocidental e “pedimos licença” para encaixar nossos mestres”, disse.
Entrando em cartaz com o apoio do Governo do Estado do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa, Funarj, Teatro Glaucio Gill, Teatro Arthur Azevedo o espetáculo que é idealizado pela Inepta Cia. companhia de palhaçaria da Baixada Fluminense que realiza apresentações no Rio de Janeiro pela primeira vez, inicia a temporada no Teatro Glaucio Gill em Copacabana de 31 de março a 3 de abril e segue para o Teatro Athur Azevedo, em Campo Grande de 7 a 10 de abril.
Para o ator Akauã Santos, além de homenageá-lo, a peça é uma forma de agradecê-lo. “Benjamim era um artista gigantesco multidisciplinar que inspirou, inspira e inspirará inúmeros artistas. Queremos reconhecer e trazer à luz onde o Benjamim vive, hoje”, pontua. Já para a atriz Isabour Estevão, o espetáculo resgata de forma poética o múltiplo artista que foi Benjamim de Oliveira, entrelaçando a própria existência artística. “Saudamos a vida dele e sua existência criativa que tanto contribuiu para a arte brasileira”.
SERVIÇO
BENJAMIM, TE SIGO DAQUI! – CURTA TEMPORADA
Teatro Gláucio Gil
Datas: 1, 2, 3 de abril – de quinta à sábado, 20h e domingo 19h
Endereço: Praça Cardeal Arcoverde, s/n – Copacabana, RJ
Ingressos: R$10 inteira e R$5 meia
Teatro Arthur Azevedo
Datas: De 7 a 10 de Abril – de quinta a domingo
Endereço: Vítor Alves, 454 – Campo Grande, Rio de Janeiro – RJ
Ingressos: R$10 inteira e R$5 meia
SINOPSE
O espetáculo é uma saudação da Inepta Cia. ao multiartista Benjamim de Oliveira. O moleque Beijo fez do circo seu caminho e nos inspira com seu legado que transcendeu a ordem do tempo, das coisas e dos seus. De Pará de Minas aos trens da Supervia: quantos passos um menino precisa para chegar a eternidade.