As forças israelenses deram sinais de ampliação da ofensiva terrestre na região central da Faixa de Gaza nesta sexta-feira (22). O Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) está prestes a votar uma resolução que visa aumentar a ajuda humanitária e evitar a ameaça de fome na área.
Com o enfraquecimento das possibilidades de avanço nas negociações desta semana no Egito, que buscam intermediar um novo acordo de cessar-fogo entre Israel e o grupo palestino Hamas, foram relatados ataques aéreos, bombardeios de artilharia e confrontos por todo o enclave.
Hoje, os militares israelenses ordenaram que os moradores de Al-Bureij, no centro de Gaza, se mudassem imediatamente para o sul, indicando um novo foco do ataque terrestre que já devastou o norte da região e realizou uma série de incursões no sul.
Sob o comando do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, o governo de Israel promete eliminar o Hamas, o grupo militante que governa Gaza, após seus combatentes lançarem um ataque no sul de Israel em 7 de outubro, resultando em 1.200 mortes e 240 reféns.
O crescente número de mortos durante a campanha militar de retaliação de Israel tem recebido críticas internacionais cada vez mais intensas, inclusive de seu aliado, os Estados Unidos (EUA).
Em sua última atualização sobre as baixas, o Ministério da Saúde de Gaza relatou que 20.057 palestinos foram mortos e 53.320 ficaram feridos nos ataques israelenses desde 7 de outubro.
Os militares israelenses lamentaram as mortes de civis, mas culparam o Hamas, apoiado pelo Irã, por operar em áreas densamente povoadas ou usar civis como escudos humanos, uma alegação que o grupo nega.
Israel afirma que 140 de seus soldados foram mortos desde que lançou a incursão terrestre em Gaza em 20 de outubro.
ONU e Egito
As negociações continuaram nesta quinta-feira para tentar evitar o veto dos EUA a uma resolução do Conselho de Segurança da ONU, redigida pelos Emirados Árabes Unidos, que exigiria que Israel e o Hamas permitissem “o uso de todas as rotas terrestres, marítimas e aéreas, em toda a Faixa de Gaza” para a entrega de ajuda humanitária.
Na noite de ontem, após semanas de negociações e vários adiamentos, a votação do Conselho de Segurança foi mais uma vez adiada para esta sexta-feira.
Uma pausa humanitária, de 24 de novembro a 1º de dezembro, ajudou a aumentar as entregas de ajuda a Gaza. Um relatório de um órgão apoiado pela ONU afirmou que toda a população de Gaza enfrenta níveis críticos de fome. O risco de fome está aumentando a cada dia, de acordo com a Classificação Integrada de Fase de Segurança Alimentar.
A pausa também levou à libertação de mais de 100 reféns mantidos pelo Hamas desde 7 de outubro e, em troca, 240 palestinos foram libertados de prisões israelenses.
Em declaração na quinta-feira, que diminuiu as esperanças de um avanço, o Hamas e a Jihad Islâmica, um grupo menor que também mantém reféns em Gaza, rejeitaram quaisquer acordos sobre trocas de reféns e prisioneiros palestinos “exceto após a cessação total da agressão” por parte de Israel.
No entanto, o líder do Hamas, Ismail Haniyeh, esteve no Cairo para um segundo dia de negociações, que terminaram no fim de quinta-feira. Embora os países mediadores, incluindo o Egito e o Catar, tenham se reunido separadamente com Israel, o Hamas e outros grupos, não houve maiores detalhes.