O jornalista Wael Al-Dahdouh, de 53 anos, estava em meio a uma transmissão ao vivo quando recebeu a devastadora notícia: sua esposa, dois filhos e neto foram vítimas de um bombardeio israelense em Gaza, em 25 de outubro de 2023. Ao longo do conflito, ele também perderia seu filho mais velho, Hamza Dahdouh, de 27 anos, que era jornalista, em um ataque de míssil em 7 de janeiro do ano seguinte.
As imagens de Wael enterrando seus entes queridos e, em seguida, voltando ao trabalho, tornaram-no um símbolo de resiliência e um rosto reconhecido globalmente durante a guerra em Gaza. Desde então, ele tem estado em Doha, no Catar, se recuperando de ferimentos sofridos em um ataque que tirou a vida de outro jornalista da Al Jazeera, Samer Abudaqa.
Em uma entrevista exclusiva à Agência Brasil, Wael Al-Dahdouh compartilhou sua perspectiva sobre a transformação da imprensa em alvo na região, destacando o alto número de jornalistas palestinos mortos desde o início do conflito. Ele enfatizou a necessidade de uma posição mais firme por parte dos veículos de imprensa internacionais para denunciar os ataques contra profissionais de imprensa em Gaza.
Questionado sobre sua motivação para continuar trabalhando na cobertura do conflito, mesmo após sofrer perdas devastadoras, Al-Dahdouh enfatizou a importância de honrar aqueles que foram mortos e a mensagem humanitária que impulsiona seu trabalho.
Quanto às condições enfrentadas pelos jornalistas em Gaza, ele descreveu o ambiente como “quase impossível”, destacando os desafios de segurança, falta de infraestrutura e a constante sensação de perigo.
Al-Dahdouh também comentou sobre a cobertura internacional do conflito, expressando o desejo por uma abordagem mais objetiva e profissional por parte dos meios de comunicação, destacando a importância de relatar os fatos sem exageros ou distorções.
Sobre as críticas ao presidente brasileiro por comparar a situação em Gaza com o Holocausto judeu, Al-Dahdouh defendeu as declarações de Lula, destacando a realidade da ocupação na Palestina e a necessidade de reconhecimento internacional dessa situação.
Por fim, ao descrever a situação em Gaza, Al-Dahdouh ressaltou a devastação causada pelos ataques, incluindo a destruição de infraestruturas vitais e o impacto humanitário sobre a população civil, chamando a atenção para os crimes de guerra e a urgente necessidade de proteção dos direitos humanos na região.