Na 29ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 29), realizada em Baku, no Azerbaijão, uma delegação de jovens do Sul Global destacou a urgência de medidas concretas contra as mudanças climáticas. Composta por um mexicano, um colombiano e duas brasileiras, a equipe representa o programa Children For Nature Fellowship, do Instituto Alana, que promove a inclusão de crianças e adolescentes em debates globais sobre justiça climática.
Protagonismo jovem no Kids’ Corner
Durante o evento, o grupo realizou o ato Kids’ Corner, inspirado no histórico Speaker’s Corner de Londres, onde jovens subiram em um púlpito simbólico para reivindicar seus direitos e expressar preocupações climáticas. O objetivo foi dar visibilidade à juventude e reforçar que crianças e adolescentes têm voz ativa nos debates.
Representantes brasileiras destacam desafios locais
A baiana Catarina Lourenço, de 17 anos, compartilhou sua trajetória de ativismo iniciada aos 7 anos, inspirada pela luta de sua família contra a destruição ambiental do Parque Ecológico do Vale Encantado. “Os jovens precisam ocupar o centro das discussões. Nós lidamos diretamente com as falhas das gerações passadas”, afirmou.
A amazonense Taissa Kambeba, de 14 anos, destacou a luta de sua comunidade indígena contra o avanço das mudanças climáticas. “Estamos enfrentando o que os mais velhos poderiam ter evitado. Se estamos aqui, é porque sabemos do que estamos falando e buscamos um futuro melhor”, declarou.
Relatório expõe impactos devastadores das mudanças climáticas
Durante a COP 29, foi apresentado o relatório Mudanças Climáticas e seus Impactos na Sobrevivência Infantil, produzido pela Fundação Abrinq. O documento alerta para os riscos crescentes das mudanças climáticas, como o aumento de 1,1°C na temperatura global entre 2011 e 2020. Caso atinja 2°C, os efeitos incluem a intensificação da fome, escassez de água e a perda de até 90% dos recifes de corais, que são essenciais para a biodiversidade.
No Brasil, cerca de 40 milhões de crianças e adolescentes estão expostos a esses riscos, agravados pelo desmatamento e pela emissão de gases de efeito estufa. O país, que ocupa o sexto lugar mundial em emissões, tem o desafio de equilibrar o desenvolvimento econômico com a preservação ambiental.
A força do Sul Global na agenda climática
A participação dos jovens do Sul Global na COP 29 simboliza um movimento crescente de inclusão e responsabilidade climática. A delegação reafirmou a necessidade de medidas urgentes, além de destacar que as populações vulneráveis, especialmente crianças e adolescentes, herdarão as consequências das ações — ou da falta delas — no presente.
A liderança jovem na conferência sinaliza um novo paradigma: um futuro ambiental mais justo e inclusivo, guiado pela coragem e determinação de quem está diretamente comprometido com as próximas gerações.