A Rússia afirmou nesta segunda-feira (17) que a conferência organizada pela Suíça sobre a guerra na Ucrânia produziu resultados insignificantes, destacando a futilidade de realizar discussões sem a presença de Moscou.
As declarações do Kremlin foram feitas após a cúpula realizada no fim de semana, onde potências ocidentais e seus aliados denunciaram a invasão da Ucrânia pela Rússia. No entanto, não conseguiram convencer estados não alinhados ao Ocidente a aderir à declaração final.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que os resultados da reunião, à qual a Rússia não foi convidada, foram “próximos de zero”.
Em conversa com repórteres, Peskov foi questionado sobre a participação de países como Hungria, Sérvia e Turquia na cúpula e se isso prejudicaria as relações da Rússia com esses países.
“Não, isso não vai prejudicá-los. Levaremos em conta a posição que esses países tomaram, isso é importante para nós e continuaremos explicando nosso raciocínio a eles”, disse Peskov.
“Muitos desses países, e essa foi uma visão comum sobre o evento, entenderam a ausência de perspectivas para quaisquer discussões sérias e substanciais sem a presença de nosso país. Se falarmos sobre a eficácia geral dessa reunião, ela é próxima de zero.”
O presidente russo, Vladimir Putin, afirmou na semana passada que a Rússia estava disposta a acabar com a guerra, mas estabeleceu condições para a Ucrânia – renunciar às suas ambições de ingressar na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e retirar as tropas de quatro regiões reivindicadas pelo país – condições que Kiev rejeitou como equivalentes à rendição.
“Entendemos perfeitamente que chegará um momento em que será necessário conversar com a Rússia”, disse o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba. “Mas nossa posição é muito clara: não permitiremos que a Rússia fale na linguagem de ultimato como está falando agora.”
Peskov afirmou que a chamada iniciativa de paz de Putin permanece na agenda e reafirmou a posição de Moscou de que está aberta ao diálogo.
No terceiro ano da guerra, a Rússia controla quase 20% da Ucrânia e tem avançado gradualmente em várias frentes desde fevereiro.
Mais de 90 países participaram das discussões de dois dias na Suíça. A decisão da China de não participar praticamente garantiu que a cúpula não atingiria o objetivo da Ucrânia de persuadir os principais países do “Sul Global” a se unirem para isolar a Rússia.