O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta terça-feira (25) que pretende recuperar os US$ 6 bilhões que o Brasil e o Japão perderam em comércio na última década. Em visita ao país asiático, Lula se reuniu com empresários da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) para discutir a abertura do mercado japonês ao setor.
“Em 2011, o fluxo comercial entre Brasil e Japão chegou a US$ 17 bilhões e hoje caiu para US$ 11 bilhões. Então, significa que há US$ 6 bilhões para recuperar nessa visita”, declarou o presidente. Lula ressaltou que cabe ao governo abrir portas, mas que as negociações devem ser conduzidas pelo setor empresarial. “Precisamos entender quais são as dificuldades do Japão em relação ao Brasil e trabalhar para melhorar nossa posição no mercado”, afirmou.
O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, lembrou que as negociações para exportação de carne bovina brasileira ao Japão ocorrem há mais de 20 anos, e que o protocolo mais recente está em discussão há cinco anos. “Vamos trabalhar para finalizar esse processo e garantir a abertura desse mercado tão estratégico. Isso trará mais competitividade ao setor e fortalecerá nossa presença global”, explicou Fávaro.
Brasil avança no reconhecimento de status sanitário
O ministro destacou que a abertura do mercado japonês pode beneficiar outros setores da pecuária. “Nossa indústria de carnes atende às exigências sanitárias e comerciais do Japão. O reconhecimento do Brasil como país livre de febre aftosa sem vacinação para novos estados também favorece as exportações de carne suína”, afirmou.
Desde maio de 2024, o Brasil recebeu a certificação de país livre de febre aftosa sem vacinação, com homologação prevista para a assembleia-geral da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA). Atualmente, apenas Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, Acre, Rondônia e partes do Amazonas e Mato Grosso possuem esse reconhecimento. A ampliação dessa certificação permitirá que o Brasil exporte carne bovina para mercados exigentes como Japão e Coreia do Sul.
Expansão do mercado de carnes brasileiras
A carne é o quarto principal item da pauta de exportações do Brasil, ficando atrás apenas da soja, do petróleo bruto e do minério de ferro. Representando os produtores, Renato Costa, presidente da Friboi, celebrou os avanços. “Com essa visita, as negociações ganharam novo impulso. Estamos confiantes, pois o Japão é o terceiro maior importador de carne bovina do mundo”, disse.
Costa garantiu que a expansão das exportações não afetará o mercado interno, já que apenas 30% da produção nacional é destinada ao exterior. “O crescimento do rebanho e o acesso a novos mercados fortalecem toda a cadeia produtiva. Esse avanço beneficia tanto a indústria quanto os pecuaristas e o país”, ressaltou.
Proteção contra gripe aviária e novos protocolos sanitários
O Brasil também trabalha na prevenção da gripe aviária e na ampliação de mercados agrícolas. Nos últimos dois anos, o país abriu 344 novos mercados para seus produtos. O ministro Carlos Fávaro explicou que mudanças nos protocolos sanitários garantirão mais segurança para as exportações de aves.
“A regionalização da detecção da gripe aviária garantirá que, caso ocorra um surto em um município, apenas essa área seja isolada, sem impactar o restante do país. Isso fortalece nossa posição como maior fornecedor de carne de frango para o Japão”, destacou.
Embora tenha registrado casos da doença em aves silvestres e de subsistência, o Brasil mantém o status de país livre de gripe aviária em sua produção comercial, de acordo com a OMSA. “O Brasil é um dos poucos países que ainda não teve surtos comerciais da gripe aviária, o que reforça nossa confiabilidade no mercado global”, concluiu Fávaro.