Durante a cúpula do G20, realizada nesta terça-feira (19), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sugeriu que as principais economias do mundo antecipem suas metas de neutralidade climática para 2040 ou 2045, dez anos antes do previsto. O objetivo é combater com maior urgência os impactos das mudanças climáticas e limitar o aquecimento global.
“Aos países desenvolvidos, faço este apelo: assumam a responsabilidade histórica. Sem isso, não terão credibilidade para exigir ambição dos demais,” afirmou Lula na abertura da sessão dedicada ao desenvolvimento sustentável e transição energética.
Responsabilidade Comum e Diferenciada
Lula enfatizou que a justiça climática exige que nações industrializadas, responsáveis por grande parte das emissões históricas de gases de efeito estufa, liderem os esforços globais. Segundo ele, embora todos os países devam contribuir, o princípio das “responsabilidades comuns, porém diferenciadas” deve ser a bússola para guiar as ações climáticas.
O presidente lembrou que os países do G20, que respondem por 80% das emissões globais, têm papel central no enfrentamento do desafio climático. Ele defendeu que os integrantes do grupo apresentem Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) mais ambiciosas e abrangentes, alinhadas à meta de limitar o aumento da temperatura global a 1,5°C.
Brasil Líder na Preservação e Energias Renováveis
Lula destacou o compromisso brasileiro com a preservação ambiental e a transição energética. Ele anunciou que o desmatamento no Brasil será erradicado até 2030 e ressaltou os avanços na matriz energética do país, que já conta com 90% de sua eletricidade proveniente de fontes renováveis.
“Somos líderes em biocombustíveis e avançamos em energia eólica, solar e no desenvolvimento de hidrogênio verde,” declarou. O presidente também celebrou a criação do Fundo Florestas Tropicais para Sempre, que remunera nações em desenvolvimento que preservam florestas nativas.
Críticas e Chamados à Ação
Lula criticou o descumprimento das promessas financeiras do Acordo de Paris, lembrando que os US$ 100 bilhões anuais prometidos pelos países ricos para apoiar a transição climática nunca se concretizaram. “Hoje, falamos em trilhões de dólares, mas esses recursos estão sendo desperdiçados em armamentos, enquanto o planeta agoniza,” disse.
Ele pediu maior integração internacional, sugerindo a criação de um Conselho de Mudança do Clima na ONU para articular esforços fragmentados. Também apontou a necessidade de avançar nas discussões durante a COP29, em Baku, e destacou que a COP30, em Belém, será crucial para alcançar mudanças significativas.
“Não podemos adiar para Belém o que deve ser tratado agora. A COP30 será a última chance de evitar uma ruptura irreversível no sistema climático,” alertou.
Apelo Final
Encerrando seu discurso, Lula reafirmou o compromisso do Brasil com a preservação ambiental e convidou os líderes mundiais a agirem com coragem e determinação: “A esperança renasce a cada compromisso assumido em defesa da vida e do futuro do planeta.”