Após séculos de afastamento, o povo Tupinambá de Olivença, localizado no litoral da Bahia, celebrou um momento histórico de reencontro com um de seus mais importantes símbolos ancestrais: o manto sagrado. A separação, imposta por forças colonizadoras que devastaram sua cultura, finalmente chegou ao fim. Em uma cerimônia reservada no Museu Nacional, representantes indígenas se reuniram para honrar e se reconectar com o artefato.
Em entrevista exclusiva à **Agência Brasil**, a cacica Jamopoty, líder dos Tupinambá de Olivença, relatou a profunda experiência do reencontro com o manto sagrado. “Foi um momento extremamente emocionante. Fui com minhas irmãs, e como primeira cacica do povo tupinambá, tive essa oportunidade de estar com o manto. Senti uma força que acredito vir das memórias de nossos parentes e ancestrais. Isso trouxe união e reafirmou o pertencimento de um povo que foi silenciado e declarado extinto. Para muitos, nós nem existíamos”, disse a cacica.
Superação de Conflitos e Valorização do Artefato
A chegada do manto ao Brasil, em julho de 2024, foi marcada por controvérsias. Os indígenas criticaram a forma como o artefato foi recebido, lamentando a falta de envolvimento no processo. No entanto, segundo Jamopoty, essas questões foram superadas. “Foi difícil no início, mas hoje o manto nos reencontrou, e também reencontrou as autoridades responsáveis por sua preservação. Ele é um ente vivo, um ancião que veio buscar seu povo. Estamos felizes pelo lugar que ele ocupa hoje, e por abrir as portas para outros povos também”, afirmou.
Embora gratos pela forma como o Museu Nacional tem protegido o manto, os Tupinambá seguem em diálogo com o governo para garantir acesso contínuo ao artefato. A cacica destacou a importância de protocolos que permitam um contato mais frequente. “Estamos conversando com o Ministério dos Povos Indígenas e com o museu para criar medidas que assegurem o acesso ao manto, pensando nas futuras gerações. Queremos que elas compreendam o que ele representa para o nosso povo”, concluiu Jamopoty.
Importância do Manto na Cultura Tupinambá
O manto sagrado é mais do que um símbolo material para os Tupinambá. Ele carrega a memória e a resistência de um povo que lutou para preservar sua identidade diante da colonização e do silenciamento histórico. O reencontro com o artefato representa não apenas uma vitória cultural, mas também um marco na luta por reconhecimento e valorização da ancestralidade indígena no Brasil.