O Museu de Arte do Rio (MAR) inaugura no dia 6 de agosto a mostra individual “Ramificar”, do artista plástico RAMO. Nascido em Mauá no ABC paulista, RAMO pensa a exposição como uma oportunidade de construir o diálogo entre a cidade em que nasceu e o território da Praça Mauá junto à Pequena África, levantando o debate sobre o racismo e a violência contra corpos negros e periféricos.
Para provocar essa discussão junto ao público, o artista traz 30 obras e mistura elementos da rua, do afrofuturismo e da espiritualidade católica, abordando temas como a masculinidade tóxica, o “vilanismo” do homem negro, o afeto e a esperança. Duas obras serão feitas exclusivamente por dentro do museu durante a montagem da exposição. Para RAMO, que veio do grafite e da cena das intervenções urbanas, um dos objetivos principais de “Ramificar” é propor a interlocução entre as duas “Mauás” e entender a periferia carioca em sua complexidade a partir da troca e do aprendizado com os moradores locais.
“‘Ramificar’ também é refletir sobre esse movimento, essas idas e vindas, esses fluxos e refluxos, partindo do meu corpo de homem preto e periférico e do desejo de dialogar com os meus pares, porque a periferia é extremamente múltipla. Eu espero que as pessoas se sintam tocadas, reflitam e ramifiquem”, explica Ramo.
Na exposição, o artista fala também sobre a violência racial da sociedade brasileira, temática trabalhada na obra “111 (Neo Ex-Voto)”. A peça traz uma proposta de cura para a “vilanização” do homem preto e periférico a partir da memória do Massacre do Carandiru, chacina que teve 111 mortos e que completa 30 anos no dia 2 de outubro.
RAMO já teve uma participação no MAR com um grafite na exposição “Rua!”. Agora, em “Ramificar”, as obras do artista vão ficar no espaço ao lado da biblioteca, sala que tem a vocação de revelar jovens artistas como Mulambo e Rafael Bqueer. Todas as exposições nesse espaço são gratuitas.
“A exposição mantém o MAR em diálogo com os jovens e os artistas contemporâneos. Ramo não trabalha diretamente com a cena violenta. Há uma espécie de imaginário da violência. Você vai ter na obra, por exemplo, um elemento como o rosto coberto pela camiseta, que é a referência ao Carandiru e à ideia de vilão. Ou seja, na obra do Ramo você vai ter elementos que te colocam em diálogo e reflexão sobre a violência, mas você não tem a cena”, afirma Marcelo Campos, Curador-Chefe do MAR, que divide a curadoria de “Ramificar” com Amanda Bonan, Gerente de Curadoria do MAR.
Apesar de falar sobre durezas e trabalhar a ideia do homem negro sendo visto como suspeito pela sociedade e pela mídia, “Ramificar” também é espaço de afeto e amor. A obra “Tereza” traz esse momento de esperança para a exposição, ao mostrar um autorretrato de Ramo e sua companheira Ester Lopes.
O Diretor da Organização de Estados Ibero-americanos (OEI), Raphael Callou, ressalta que a exposição “Ramificar” cumpre a missão do MAR de trazer a linguagem da rua para o museu.
“A exposição ‘Ramificar’ traz a linguagem da rua para o museu. A mostra ajuda a cumprir a nossa missão no MAR de manter o diálogo com os jovens e os artistas contemporâneos. Com ‘Ramificar’, conseguimos também colocar a arte a favor de discussões fundamentais para a nossa sociedade e principalmente para a região onde estamos”.
O Museu de Arte do Rio
Iniciativa da Prefeitura do Rio em parceria com a Fundação Roberto Marinho, o Museu de Arte do Rio passou a ser gerido pela Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI) desde janeiro deste ano, apoiando as programações expositivas e educativas do MAR a partir de um conjunto amplo de atividades para os próximos anos. “A OEI é um organismo internacional de cooperação que tem na cultura, na educação e na ciência os seus mandatos institucionais, desde sua fundação em 1949.
O Museu de Arte do Rio, para a OEI, representa um instrumento de fortalecimento do acesso à cultura, intimamente relacionado com o território, além de contribuir para a formação nas artes, tendo no Rio de Janeiro, por meio da sua história e suas expressões, a matéria-prima para o nosso trabalho”, comenta Raphael Callou, diretor e chefe da representação da OEI no Brasil.
Após o início das atividades em 2021, a OEI e o Instituto Odeon celebraram parceria com o intuito de fortalecer as ações desenvolvidas no museu, conjugando esforços e revigorando o impacto cultural e educativo do MAR, onde o Odeon passa a auxiliar na correalização da programação.
O Museu de Arte do Rio tem o Instituto Cultural Vale como mantenedor, a Equinor como patrocinadora master, o Itaú como patrocinador e o Grupo Renner como apoiador, todos por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. A Escola do Olhar conta com o patrocínio da Wilson Sons e Machado Meyer Advogados via Lei Federal de Incentivo à Cultura. Por meio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura – Lei do ISS, é também patrocinada pelo RIOgaleão e Icatu e tem a Cultura Inglesa como apoiadora Educacional. O Instituto Olga Kos patrocina os recursos de acessibilidade e a Globo e o Canal Curta são os parceiros de mídia do MAR.
O MAR conta ainda com o apoio do Governo do Estado do Rio de Janeiro e realização da Secretaria Especial de Cultura, Ministério do Turismo e do Governo Federal do Brasil, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.
Iniciativa da Prefeitura do Rio de Janeiro em parceria com a Fundação Roberto Marinho, o MAR tem a gestão da Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI) e o Instituto Odeon como correalizador das atividades.
Mais informações em www.museudeartedorio.org.br
Serviço
Exposição Ramificar
Data: Até 06 de novembro
Local: Espaço Orelha, ao lado da biblioteca no 4 andar
Endereço: Praça Mauá, 5 – Centro
Funcionamento: De quinta a domingo, de 11h às 18h (Última entrada no pavilhão às 17h)
Gratuito