As instituições financeiras consultadas pelo Banco Central (BC) esperam que a taxa básica de juros, a Selic, seja mantida em 10,5% ao ano nesta semana. O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC se reunirá amanhã (18) e quarta-feira (19) para decidir sobre os juros básicos da economia. A estimativa foi divulgada no Boletim Focus desta segunda-feira (17), uma pesquisa semanal do BC sobre as expectativas para os principais indicadores econômicos.
Na última reunião, realizada no início de maio, o Copom reduziu a taxa pela sétima vez consecutiva, para 10,5% ao ano, mas a velocidade do corte diminuiu. De agosto do ano passado até março deste ano, o Copom reduziu os juros básicos em 0,5 ponto percentual por reunião. Na última decisão, a redução foi de 0,25 ponto percentual.
Os membros do colegiado expressaram preocupação com as expectativas de inflação acima da meta e, “diante de um cenário macroeconômico mais desafiador do que o previsto anteriormente”, não previram novos cortes na taxa Selic. A ata da última reunião mencionou que a extensão e a adequação de ajustes futuros na taxa “serão ditadas pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta”.
Entre março de 2021 e agosto de 2022, o Copom elevou a Selic por 12 vezes consecutivas, em um ciclo de aperto monetário iniciado devido à alta nos preços de alimentos, energia e combustíveis. De agosto de 2022 a agosto de 2023, a taxa foi mantida em 13,75% ao ano, sendo cortada posteriormente com o controle dos preços.
Para o mercado financeiro, a Selic deve encerrar 2024 em 10,5% ao ano. Para o fim de 2025, a expectativa é de que a taxa básica caia para 9,5% ao ano. Para 2026 e 2027, a previsão é de uma nova redução, para 9% ao ano.
Inflação
A Selic é o principal instrumento do BC para alcançar a meta de inflação. Quando o Copom aumenta a taxa básica de juros, o objetivo é conter a demanda aquecida, encarecendo o crédito e estimulando a poupança, o que pode ajudar a controlar os preços. Contudo, os bancos consideram outros fatores ao definir os juros cobrados dos consumidores, como risco de inadimplência, lucro e despesas administrativas. Portanto, taxas mais altas também podem dificultar a expansão da economia.
Quando o Copom diminui a Selic, a tendência é que o crédito se torne mais barato, incentivando a produção e o consumo, o que pode reduzir o controle sobre a inflação, mas estimular a atividade econômica.
Antes do ciclo de alta, a Selic havia sido reduzida para 2% ao ano, o nível mais baixo desde o início da série histórica em 1986, para estimular a produção e o consumo durante a contração econômica gerada pela pandemia de COVID-19. A taxa permaneceu nesse patamar de agosto de 2020 a março de 2021.
A previsão do mercado financeiro para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – a inflação oficial do país – subiu de 3,9% para 3,96% este ano. Para 2025, a projeção da inflação também aumentou de 3,78% para 3,8%. Para 2026 e 2027, as previsões são de 3,6% e 3,5%, respectivamente.
A estimativa para 2024 está dentro do intervalo da meta de inflação a ser perseguida pelo BC. Definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), a meta é 3% para este ano, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Portanto, o limite inferior é 1,5% e o superior 4,5%. Para 2025 e 2026, as metas de inflação são de 3%, com a mesma tolerância.
Em maio, a inflação do país foi de 0,46%, pressionada pelos preços de alimentos e bebidas, após ter registrado 0,38% em abril. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), o IPCA acumulou 3,93% em 12 meses.
PIB e Câmbio
A projeção das instituições financeiras para o crescimento da economia brasileira neste ano caiu de 2,09% para 2,08%. Para 2025, a expectativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) é de 2%. Para 2026 e 2027, a previsão também é de uma expansão de 2%.
Em 2023, a economia brasileira cresceu 2,9%, com um valor total de R$ 10,9 trilhões, segundo o IBGE. Em 2022, a taxa de crescimento foi de 3%.
A previsão para a cotação do dólar é de R$ 5,13 no final deste ano. Para o fim de 2025, a previsão é que a moeda americana fique em R$ 5,10.
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