A expectativa de inflação oficial do Brasil, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), foi ajustada pelo mercado financeiro, passando de 4,5% para 4,55% em 2024, o que ultrapassa o limite superior da meta de inflação estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Divulgada semanalmente no Boletim Focus do Banco Central, essa estimativa reflete preocupações crescentes com o controle da inflação diante de desafios internos e externos.
Além disso, o mercado projeta uma inflação de 4% para 2025 e 3,5% para 2027, mantendo-se acima do centro da meta de 3% com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos, estipulada pelo CMN. A partir de 2025, o sistema de metas contínuas entrará em vigor, eliminando a necessidade de definir metas anuais e mantendo o foco no objetivo de 3%, permitindo maior estabilidade.
Em setembro, o IPCA apresentou alta de 0,44%, impulsionada principalmente pelo aumento das tarifas de energia elétrica, e acumula 4,42% nos últimos 12 meses.
Ajustes na Taxa Selic
Para enfrentar as pressões inflacionárias, o Banco Central usa a taxa Selic como principal instrumento. Após várias reduções, a Selic encontra-se atualmente em 10,75% ao ano, e o mercado prevê uma nova elevação para conter a inflação. A próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) está agendada para os dias 5 e 6 de novembro, e há expectativas de que a taxa alcance 11,75% em 2024.
Em 2025, a Selic pode reduzir gradativamente para 11,25%, com projeções de novas quedas para 9,5% em 2026 e 9% em 2027. Esse ajuste gradual reflete o objetivo de controlar a inflação, mantendo estímulos para a produção e o consumo sem comprometer a estabilidade dos preços.
Expectativas para o PIB e o Câmbio
As previsões para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro também foram ajustadas. A expectativa de crescimento subiu para 3,08% em 2024, com os dados do segundo trimestre de 2024 indicando uma expansão de 1,4% em comparação com o trimestre anterior. Para os próximos anos, o mercado projeta um crescimento econômico de 1,93% para 2025 e de 2% para 2026 e 2027.
No câmbio, a expectativa é que o dólar encerre 2024 em R$ 5,45, com uma leve queda para R$ 5,40 ao final de 2025, refletindo um cenário global de fortalecimento do dólar.
Perspectiva Econômica e Impacto nos Consumidores
O controle da inflação e o ajuste nas taxas de juros buscam estabilizar a economia, embora taxas elevadas de juros possam desacelerar o crescimento. Com juros mais altos, o crédito tende a encarecer, impactando diretamente o consumo e os investimentos, mas, ao mesmo tempo, ajudando a reduzir as pressões inflacionárias e mantendo a credibilidade econômica.